Na comunidade da Linha 100, onde a paisagem rural molda o ritmo das famílias e a educação caminha de mãos dadas com o acolhimento, a Escola Municipal Rio Branco se mostra um símbolo de adaptação e integração. Com 211 alunos matriculados, o colégio atende tanto estudantes da comunidade quanto filhos de trabalhadores migrantes que chegam à região, especialmente em períodos de safra. Neste ano, o cenário ganhou um novo desafio: o ingresso de alunos estrangeiros.
— Hoje nós temos 211 alunos matriculados e não temos fila de espera, mas temos uma demanda bastante grande de pessoas que vêm de fora, que acabam vindo trabalhar nas localidades. Por ficarmos em uma região rural, muita gente vem nos períodos de entressafra, daí ficam alguns meses e não concluem as aulas. Tem muita migração. Esse ano nós tivemos a procura de três estudantes argentinos, no turno da tarde, principalmente — explica a diretora Mineia De Dea Scalcon.
Com a chegada dos alunos argentinos, a rotina da escola precisou ser adaptada. A barreira do idioma é apenas uma das etapas no processo de inclusão, que exige dedicação por parte de toda a equipe pedagógica.
— É bastante difícil a adaptação para eles (estudantes estrangeiros). A Secretaria de Educação oferece um apoio pedagógico, que é uma vez por semana no contraturno, mas é desafiador fazer com que essas crianças venham para esse apoio. As profes precisam fazer um trabalho diferenciado para essas crianças, porque é preciso ensinar desde a questão da pronúncia da letra, que é diferente. Então, é todo um processo de adaptação antes de tudo. Para depois, ir engrenando desde o básico — explica Mineia.
Apoio e estrutura
As demandas não se limitam à diversidade cultural. O crescimento no número de alunos exige melhorias estruturais e expansão de espaços.
— No ano passado foi construída mais uma sala de aula, porque até então o quinto ano vinha de manhã e eles fazem parte do currículo da tarde. Sempre surgem algumas demandas e, de alguma forma, junto ao Poder Público, vamos suprindo as necessidades. Temos um Círculo de Pais e Mestres (CPM) que também é muito atuante. Temos muita ajuda — agradece a diretora.
Atualmente, a escola se prepara para receber reformas e investimentos em tecnologia, com apoio da Prefeitura.
— Vamos ter a pintura da escola e precisamos da reforma do mobiliário da cozinha. Essas demandas já estão encaminhadas junto à Prefeitura e, em princípio, pretendemos concluir até o final deste ano. O pessoal da Secretaria da Educação e da Prefeitura passaram para ver necessidades de troca de eletrônicos, computadores, data shows, notebooks, troca de armários e de mobília, que não está muito boa. Aos poucos, as coisas vão se encaminhando.
Por trás de cada número e cada melhoria, há um projeto maior, o de manter o espírito de comunidade que diferencia a Escola Rio Branco e garante o vínculo entre alunos, famílias e professores.
— O meu sonho é que realmente a escola continue crescendo e se mantenha com a gente de uma forma muito familiar. Gostaria que isso continuasse, pois acredito que isso faz todo o diferencial… De conseguir ter um bom relacionamento com as famílias, de ter uma boa relação com a comunidade da Linha 100, o que é fundamental. Se não trabalhássemos juntos, se a gente não tiver essa parceria, as coisas não aconteceriam como acontecem — conclui.
Na Linha 100, cada estudante, venha de perto ou de longe, encontra mais do que uma sala de aula: encontra uma rede de apoio, um território de acolhimento e um espaço onde aprender também é sinônimo de pertencer.