A Prefeitura de Flores da Cunha promoveu uma capacitação com os quatro eletricistas servidores públicos. O Curso de Capacitação e Treinamento de NR-35, ou Norma Regulamentadora nº 35, que estabelece os requisitos e medidas de segurança para quem atua em altura, visando garantir a integridade física dos trabalhadores. A qualificação faz parte de um diálogo e projeto da Prefeitura para melhorar as condições de trabalho dos servidores municipais.
A capacitação ocorreu na manhã desta sexta-feira (1º) ministrada pelo técnico em Segurança do Trabalho Jomar Machado, 42 anos. O curso possui, em seu módulo, 19 itens.
— Dividimos esse treinamento em duas partes: teórica e prática, que serão ministradas durante dois turnos (manhã e tarde), específico para estes profissionais que precisam ser elevados a altura em que se encontram os postes. A intenção é que todos estejam ou se mantenham, cientes, inclusive, dos riscos associados à função — resume Machado.
O instrutor salienta que, entre os objetivos, está o de reforçar a necessidade de um comportamento mais seguro diante da rede elétrica. Para isso ser transformado em realidade, há fatores indispensáveis que não podem ser negligenciados ou ignorados.
— Para que, na prática, esses cuidados façam parte da rotina que oferta riscos iminentes, principalmente de uma descarga elétrica, o Equipamento de Proteção Individual (EPI), de acordo com as normas, é essencial — destaca o técnico.
Diálogo para melhorar as condições de trabalho
Além dos quatro eletricistas, as orientações do instrutor foram acompanhadas pelo vice-prefeito Marcio Rech e pelo secretário de Administração, César Conz. O vice-prefeito salientou que a importância de promover e manter essas capacitações para a equipe de eletricistas, diante da atividade de alta periculosidade. Rech afirma que esta é uma inovação implantada pela atual gestão de Flores da Cunha, idealizada para permitir aos eletricistas serem preparados por profissionais que possuem vasto conhecimento em Segurança do Trabalho.
— Adiciono a isso que, ações desta natureza proporcionam à administração, repensar as formas com as quais atua e, para tal, é crucial a troca de informações entre todos: nós, os instrutores e, inclusive, quem é responsável pela parte prática, atua na ponta final. Esse diálogo pode levar a questionamentos que oportunizarão melhorar as condições de trabalho deles. O aperfeiçoamento tem que ser constante — ressalta Rech.
O secretário de Administração, pasta que dentre suas atribuições, está
A compra, entrega e a fiscalização dos EPIs e outros materiais de trabalho dos servidores públicos é responsabilidade da Secretaria de Administração. O secretário Conz concorda que a sintonia das partes envolvidas faz a diferença, portanto, os cursos determinados por lei, facilitam a compreensão por quem atua na extremidade final, na prática, de fato.
— Também neste caso, esse de meio campo entre funcionários, administrativo e os que repassam as instruções, bem como apontam o que deve ser comprado e usado, é o resultado da correção feita quanto à comunicação, que se tornou mais próxima. Considero uma mudança de cultura que envolve o uso dos equipamentos por quem é capaz de nos trazer elementos concretos. Afinal, estes são necessários por partirem de quem possui conhecimento quanto ao que fazem e isso resulta em mais segurança — opina o gestor.
“Dos 100 passos necessários, recém 20 foram dados”
André Darci da Silva, que é chefe da Divisão de Manutenção Elétrica, aponta que a gestão do prefeito César Ulian foi a que realmente deu início à implementação das normas que constam em lei, mas, ao mesmo tempo, relata que as condições de trabalho dos eletricistas ainda se está longe da ideal.
— Já foi pior! Estou há 29 anos na prefeitura e hoje posso dizer que está nada além de “menos pior”. Como responsável pela equipe, fui um dos que cobrou que a administração nos escutasse antes de ouvir os técnicos. Afirmo que muitas vezes, quem era contratado pelas tantas gestões, ouvia algo de nós, mas repassava outra informação aos secretários ou ao prefeito — afirma Silva, que cita o treinamento desta sexta-feira como um exemplo:
— Não foi informado pela empresa que prestava consultoria em Segurança do Trabalho, ao município, que nós trabalhamos entre a baixa e a média tensão. Se isso tivesse ocorrido, esta capacitação de hoje deveria ter acontecido há dois anos — observa.
O chefe da Divisão de Manutenção Elétrica externa sua preocupação com a atual situação da equipe de eletricistas:
— E se houver, por ausência de EPI adequado, o que ocorreu em Bento (em referência a morte de um servidor público durante o trabalho no último mês)? O que vou dizer às famílias dos meus colegas? Ou, o que dirão à minha família? O (prefeito) César acertou essa questão da maneira ideal para o diálogo, mas vejo que, dos 100 passos necessários, recém 20 foram dados — desabafa o servidor público.