Julio e Nair Berton relatam a história de mobilização da comunidade para manter a Escola São Domingos Sávio (Foto: Karine Bergozza)
Viver em Sete de Setembro, uma comunidade unida, lugar calmo e repleto de amigos é sinônimo de orgulho para o agricultor Julio Cesar Valentin Berton, 68 anos. É com este sentimento que ele conta a história de mobilização dos moradores para conseguir manter o espaço da antiga Escola Estadual São Domingos Sávio em pleno funcionamento.
— (Três anos atrás,) a comunidade ajeitou a escola, botou os vidros novos, fez uma geral e ficou como sala para catequese e para reuniões. Não teríamos onde as crianças irem para a catequese, pois antes era feito no salão, mas aí tinha gente na bodega e as crianças não conseguiam prestar atenção — lembra Berton.
Conquista comunitária semelhante a ocorrida para a construção da primeira escola, a antiga Brizoleta, erguida com apoio dos moradores.
— Para fazer a escola, a nossa família teve que doar a terra, precisavam de quatro hectares. Fomos nós, os alunos e os pais que ajeitamos tudo nos finais de semana. Todo mundo, toda a comunidade pegava junto. Foi uma coisa marcante para a gente — lembra o agricultor.
Embora não seja mais utilizada, a Brizoleta faz parte do cenário da localidade e está bem conservada graças ao comprometimento comunitário.
O chef do menarosto

Há cerca de 20 anos Julio Berton prepara os menarostos em Sete de Setembro (Foto: Arquivo pessoal)
O florense, que já assumiu as diretorias de futebol e bochas e atuou como bodegueiro, compartilha a paixão por Sete de Setembro com a esposa, Nair Guarese Berton, 70 anos. O casal já foi festeiro e fabriqueiro e trabalha unido pela localidade até hoje, quando Julio dedica-se ao preparo dos tradicionais menarostos e Nair cuida dos acompanhamentos do prato, como a polenta.
— Faz uns 20 anos que a diretoria convidou e aí a gente começou (a fazer o menarosto). A minha falecida mãe, Irma, sempre foi a cozinheira na comunidade e a gente estava ali junto, puxamos isso dela. Aprendi a fazer com os mais velhos, avós e sogros — relata Berton.
O agricultor acrescenta que mais oito pessoas costumam auxiliar no preparo do prato típico de Flores da Cunha, contudo é ele quem está à frente do grupo. Sobre o segredo para um bom menarosto, Berton não disfarça a alegria. Ele confessa que, apesar de ser cansativo ficar dois dias em função do prato e do calor do fogo, tudo vale a pena pela comunidade.
— Em primeiro lugar tem que ter dedicação e amor ao serviço. E depois vem os temperos, os ingredientes, os segredinhos. Mas é o capricho, principalmente, que é o diferencial — brinca Julio.
Encontros aos sábados

Julio e Nair Berton são um casal unido em prol da comunidade. (Foto: Karine Bergozza)
Berton lembra com carinho quando a comunidade tinha o futebol e se destacava nos campeonatos de bochas. Os encontros comunitários mudaram ao longo dos anos.
— Todos os sábados e domingos a gente se encontrava na bodega, isso diminuiu bastante, foi uma mudança bem radical. Mas, na hora que precisa para trabalhar, a comunidade se junta e pega pesado mesmo, todo mundo ajuda.
O que conforta o agricultor é a retomada dos encontros, que passou a ser uma vez por mês.
— Está voltando a rotina daquela época. Naquele tempo não podia faltar o churrasco no sábado — comemora o agricultor, lembrando que os encontros são abertos, mas é necessário combinar.
Pedido por redutor de velocidade perto do salão
Berton explica que o recente parquinho recebido da administração municipal foi muito bem aceito pela comunidade, o que precisaria melhorar, segundo ele, é a questão da telefonia, pois os celulares não pegam. Além disso ele cita a necessidade de melhorias no asfalto em frente à Igreja.
— Teria que fazer alguma coisa ali na frente do salão, um quebra-molas, para diminuir a velocidade na frente. Ainda mais no verão, que tem o Recanto dos Pinheiros e o pessoal passa por aqui para ir lá, tem um movimento que é “coisa de louco”. Agora vai começar a catequese, tem criançada que atravessa a rua, então seria bom algo para diminuir a velocidade. Nunca aconteceu nada ainda (nenhum acidente), graças a Deus, mas é perigoso.
Ouvir a comunidade de Flores da Cunha, conhecer os aspectos positivos de cada bairro e comunidade, saber o que está bom e quais as principais demandas da população. O caderno Bairros e Comunidades volta a circular com esta missão: aproximar o jornal dos munícipes. A publicação será sempre na última edição de cada mês, para tal, o município foi dividido em 11 regiões.
Na estreia, os moradores de Sete de Setembro, Serra Negra e Lagoa Bela contam sobre as vantagens de morar em áreas mais afastadas do Centro da cidade. Orgulho comunitário que também se reflete nas demandas e cada morador relata as principais melhorias de infraestrutura que as localidades poderiam receber.
Leia as outras matérias do caderno:
- Mãe e filha, contam como é morar em Sete de Setembro
- Comunidade de Serra Negra conta os dias para receber o asfalto
- Empresária reivindica mais atenção dos órgãos públicos para Serra Negra
- A fé que move a comunidade de Lagoa Bela
- Restaurante em Lagoa Bela aposta na conexão com a natureza
- Vinícola Cooperativa conta como é sua relação com Lagoa Bela