Home Destaque “Trabalhava verdadeiramente com amor”, diz professora aposentada

“Trabalhava verdadeiramente com amor”, diz professora aposentada

A paixão pela história e o compromisso com a comunidade marcaram a trajetória da educadora Estela Maris Araldi Fontana

(Foto: Paola Castro)

Poucas pessoas marcam tanto as outras quanto as professoras. Afinal, aprender abre portas. Estela Maris Araldi Fontana carrega a leveza e a firmeza de quem dedicou a vida à educação e ao fortalecimento da memória cultural de sua comunidade. Aos 73 anos, relembra com orgulho sua vida de trabalho como professora e restauradora do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi.

Estela leciona desde 1978, quando iniciou a carreira como professora em Nova Pádua. Na época, não havia os recursos pedagógicos de hoje, mas a profe encontrava as suas formas.

— Não havia esses livros didáticos que o governo manda para as escolas. Tinha que transcrever dos livros que eu estudava para uma linguagem possível de transmitir aos alunos. Na época, comprei um mimiógrafo e eu me mimiografava os conteúdos para os alunos lá em Nova Pádua. Comprava os pacotes de folha de ofício e não cobrava de ninguém. Era uma coisa minha. Era o meu material didático — relembra .

Após quatro anos, Estela ampliou seus horizontes com uma pós-graduação em História da América Latina na Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde também atuou como professora. Depois, fez mestrado em História Social na Universidade Federal do Paraná.

Em sua trajetória, Estela lecionou nas escolas Luiz Gelain, São José, São Rafael, Professor Targa, 1º de Maio e Tancredo de Almeida Neves, fazendo parte da história de milhares de alunos florenses e paduenses.

— Foi um período maravilhoso da minha vida. Se eu tivesse que nascer de novo e escolher novamente, eu seria professora de novo. É por paixão. Não é fácil dar aula, mas eu tinha paixão pelo meu trabalho — conta Estela.

 

Vínculo além da escola

O carinho dos ex-alunos também é um reflexo dessa dedicação. Estela se lembra com afeto do convite de seus antigos alunos para uma festa de 25 anos de formatura, no ano passado.

— Eles fizeram um churrasco, tinha os guris e as gurias. Conversamos ao redor da churrasqueira e um deles disse “profe quando você terminava de explicar, você virava para nós e sorria”. Eu não acreditei, mas todos confirmaram. Eu trabalhava verdadeiramente com amor. Eu amo meus alunos até hoje. A coisa que eu mais gosto, é de andar na rua e ouvir “oi, profe” — declara com um sorriso que transborda emoção.

Em 2019, ao encerrar a carreira, a profe Estela recebeu o resultado de um projeto especial feito com os alunos da escola Tancredo de Almeida Neves.

— Foi pedido pela direção para fazer a história da escola, que completava 30 anos. Esse tempo tem tudo a ver com o meu pai (Angelo Araldi), porque quem construiu a escola e a fundou foi o meu pai. Quem fez o loteamento do bairro União foi o meu pai. Fiz um trabalho em conjunto com os alunos, ex-alunos, professores e ficou maravilhoso. É um trabalho que eu fiz com carinho, com muito amor também — detalha Estela.

 

Atuação no Museu

A vida de Estela, após o mestrado teria um novo capítulo significativo ao voltar à Terra do Galo, onde se envolveu diretamente na criação e no desenvolvimento do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi, um projeto que passou a ser sua paixão e sua missão.

O museu, um ícone do município, nasceu de um processo cuidadoso de preservação e organização do patrimônio local.

— Quando a antiga prefeitura foi transferida para outro prédio, a casa ficou disponível para ser ocupada como museu. Meu pai, Angelo Araldi, era o prefeito na época e foi quem viabilizou essa transformação — relembra.

O trabalho no museu foi árduo e exigiu a dedicação de Estela e de Pedro Ferrari, Silvane Gelain Veadrigo e Rosane Rosalen que se uniram a ela para restaurar objetos, limpar o prédio e dar forma a um dos tesouros culturais do município.

— Quando eu tomei posse do prédio da ex-prefeitura, ele estava precisando de um trato. Eu não podia fazer tudo sozinha, tinha que fazer uma limpeza de alto a baixo. Houve uma ajuda muito grande da prefeitura em mandar os materiais, mangueira, soda, botas, panos, luvas — explica Estela.

Os detalhes do processo de restauração são preciosos, como o cuidado meticuloso que ela teve ao restaurar peças sacras e outros artefatos.

— Nós limpamos, removemos a ferrugem das peças, algumas lixamos de luva e máscara e depois de retirar a ferrugem, passávamos thinner para lavar ou querosene. Depois passávamos pó de grafite, que restaurava a peça, ela ficava limpa e bonita com o pó de grafite, com aspecto bom — lembra Estela.

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