Símbolo de tradição e hospitalidade, o prato típico também é um atrativo turístico
Ao passo que o menarosto conquista o paladar de moradores locais, o prato típico de Flores da Cunha também é um atrativo para os apreciadores de todo o Brasil. Com uma combinação de carnes assadas lentamente e sabores intensos, esse prato robusto é um tesouro gastronômico que representa a essência da culinária florense e que tem o potencial de atrair mais turistas para a região.
Jair Bonês, assador do recém-inaugurado Galpão do Bonês, que serve o menarosto uma vez por mês com alta demanda, explica que o prato exige tempo e dedicação.
— Requer um preparo antecipado, começando no dia anterior. Muitas pessoas de fora vêm para experimentar. Já recebi visitantes de várias cidades, como Passo Fundo, Porto Alegre, Ronda Alta e Goiás e todos ficam muito impressionados com o preparo, o sabor e o atendimento — afirma Jair, destacando o cuidado necessário para que o sabor da iguaria seja único.
A vinícola Família Ulian também separou um dia periódico para oferecer o menarosto: sempre a última sexta-feira de cada mês. O empresário Vilmar Ulian revela que a busca pelo prato tem crescido consideravelmente.
— A demanda é bem equilibrada. Recebemos muitas pessoas da região, mas também há uma procura significativa de turistas, especialmente de São Paulo, Rio de Janeiro, Nordeste e Manaus. Cerca de 50% da demanda vem de moradores locais e 50% de turistas — conta Ulian.
Já o restaurante La Cantinetta aposta no menarosto para o tradicional almoço de domingo. Localizado na Rua Uva Itália, o restaurante serve o prato, das 12h às 13h, em um banquete com diversos acompanhamentos, como sopa de agnolini, costelão de 12 horas, bife à milanesa e polenta frita.
— Este ano, conseguimos um contato mais próximo com a prefeitura, especialmente na área do turismo, o que facilitou para os turistas encontrarem o menarosto. Antes disso, muitos visitantes nos descobriam por meio de pesquisas no Google ou nas redes sociais. Com a inclusão do prato no site de turismo, ficou mais fácil para as pessoas se informarem sobre onde encontrar, o que tem gerado um aumento no número de visitantes — explica Patricia Bernardi Galiotto, filha dos proprietários do La Cantinetta.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Tiago Centenaro Mignoni, explica que o calendário de eventos divulgado no site é aberto e os organizadores que quiserem divulgar a oferta do menarosto podem solicitar, sem custo, via WhatsApp de Informações Turísticas (54) 9266-4656.
Para quem prefere uma experiência mais personalizada, o Família Pagno serve sob encomenda, em eventos fechados, especialmente nos meses mais frios. Ricardo Pagno, dono do espaço no Travessão Rondelli, destaca a versatilidade do menarosto, que é servido com polenta, queijo e sobremesas típicas, como sagu ou pudim.
Um chamariz para o turismo
Em novembro do ano passado, o governador Eduardo Leite sancionou a Lei 16.032/23, que oficializou Flores da Cunha como “Capital Estadual do Menarosto”. Um motivo a mais que levou a prefeitura a reforçar o prato típico em suas comunicações.Para o secretário Mignoni, o potencial do menarosto para atrair turistas é claro e precisa ser cada vez mais explorado. Para os próximos anos, a estratégia é apostar no prato como um dos principais elementos para atrair visitantes.
— Iniciamos articulações com agências e operadoras turísticas para a construção de um produto turístico que envolve o prato. É um trabalho de fomento que requererá que a iniciativa privada local queira realizar também — afirma.
Com parcerias estabelecidas com a Universidade Feevale, segundo Mignoni, a cidade começa a planejar soluções para apresentar o menarosto como um indutor do turismo e estuda o registro do prato como patrimônio imaterial, além da indicação geográfica para garantir sua autenticidade.
O menarosto também tem aparecido como um chamariz em eventos. No recente Festival Melhores Vinhos (foto abaixo), por exemplo, o menarosto fez sucesso servido em uma bandeja com polenta.
— Em nossa estratégia de desenvolvimento turístico, valorizamos o prato como diferencial gastronômico e cultural, destacando-o em nossos meios de divulgação turística. Em eventos organizados pelo Poder Público, sempre buscamos dar ênfase à gastronomia local e ao seu astro principal: o menarosto — salienta o secretário Mignoni.
Um prato histórico
O menarosto é preparado com uma combinação de carnes de coelho, porco, codorna e frango, assadas lentamente para garantir um sabor marcante. Para os moradores da Terra do Galo, o prato é mais do que uma refeição — é um pedaço da história local, transmitido por gerações. Para os turistas, representa uma imersão na autêntica gastronomia florense e uma oportunidade de saborear um prato tradicional em um cenário serrano.
— O menarosto ainda não é tão conhecido fora daqui. Mesmo os turistas que visitam a região muitas vezes não sabem o que é. Algumas pessoas até fazem pratos parecidos, como em Casca, onde começaram a preparar com coelho e codorna, mas lá eles chamam de “gira gosto”. O verdadeiro menarosto tem origem na Itália — contextualiza Bonês.