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“Quis mostrar que a escola é feita de pessoas”, destaca o autor do livro do centenário da Escola Frei Caneca

Um século de ensino, memórias e pertencimento. O afeto pelo primeiro grupo escolar de Flores da Cunha compõe o livro que celebra o centenário da escola Frei Caneca
(Foto: Museu Pedro Rossi, divulgação)

Texto: Caiani Lopes

Ao longo de um século, a Escola Frei Caneca fez parte da formação de milhares de estudantes e se tornou uma referência na educação de Flores da Cunha. Mais do que um espaço de ensino, a instituição acompanhou o desenvolvimento da cidade e ajudou a escrever parte importante de sua história.

E é para celebrar essa história de dedicação à comunidade que a escola convida todos para um jantar comemorativo, que será realizado no próximo sábado (8). O evento, que tem início às 19h no Salão da Comunidade de São Cristóvão, promove um encontro com sabores que marcarão a noite em uma homenagem à tradição: macarrão, galeto, carne de porco, salada verde, maionese, refrigerante, vinho e café com biscoito.

Para participar, os ingressos estão à venda a R$ 85 para adultos e R$ 40 para crianças de 7 a 12 anos, e podem ser adquiridos na secretaria da escola, com alunos e professores, ou pelo contato (54) 9 9930-5382 (telefone e WhatsApp).

Fundada em 1º de março de 1925, a então chamada Escola General Osório foi o primeiro grupo escolar da cidade recém-emancipada de Nova Trento, atual Flores da Cunha. Sua criação simbolizou o início de uma nova era educacional para uma comunidade formada majoritariamente por descendentes de imigrantes italianos.

O centenário é celebrado com o lançamento do livro “Escola Estadual de Ensino Médio Frei Caneca – O Centenário (1925–2025)”, escrito pelo professor e pesquisador Rafael de Souza Pinheiro, mestre em Educação pela UCS e integrante do Grupo de Pesquisa História da Educação, Imigração e Memória. A obra reúne documentos, fotografias e depoimentos que reconstroem um século de vida escolar.

A origem da pesquisa

A relação do professor Pinheiro com a Frei Caneca começou há mais de uma década, quando realizou ali seu estágio docente.

— Foi o meu primeiro contato com a escola. Enquanto preparava as aulas, comecei a observar o prédio, a arquitetura, os azulejos, as escadas… e percebi que aquele espaço tinha muito a dizer. Vi que era uma instituição centenária em potencial, um lugar cheio de histórias guardadas nas paredes — relembra.

Essa descoberta despertou nele o desejo de aprofundar a pesquisa, que se transformou na sua dissertação de mestrado.

— A maioria dos autores falava muito por alto sobre os processos de escolarização em Flores da Cunha. Eu pensei: e antes dos anos 60, onde essas pessoas estudavam? Então decidi investigar as origens. Foi assim que encontrei a Frei Caneca, o primeiro grupo escolar público da cidade, criado ainda em 1925, um ano após a emancipação — explica o pesquisador.

Uma narrativa costurada por documentos históricos

A pesquisa acadêmica, centrada na história da educação e nas práticas escolares, acabou se transformando em um projeto de divulgação histórica. Em 2025, Pinheiro foi convidado pela direção da escola para organizar um livro comemorativo do centenário.

— Quando me pediram o livro, pensei: pra escrever, eu preciso de tempo, de fontes, de imagens… E foi exatamente o que fizemos. Fui costurando uma narrativa a partir dos registros que iam chegando: atas, fotos, documentos, memórias — conta o pesquisador.

O resultado é um e-book de 140 páginas, dividido em três capítulos: as origens do grupo escolar, a nova era iniciada em 1940 com o prédio em estilo Art Déco, e uma parte dedicada à memória da comunidade, professores, alunos e funcionários que fizeram parte dessa história.

O livro também resgata a trajetória da icônica professora Maria Dal Conte, diretora entre 1945 e 1960 e que nomeia a rua em frente à escola, e de outras figuras que ajudaram a consolidar o papel da escola na formação cultural da cidade.
Para Pinheiro, a Frei Caneca é um patrimônio educativo.

— O prédio é um marco da arquitetura escolar do Estado, um dos apenas 49 construídos com o mesmo projeto durante o governo de 1940. Mas o que mais me toca é o fato de ele continuar vivo, em pé, formando novas gerações. É uma escola que atravessou tempos, governos e transformações sociais, e ainda pulsa — reflete o autor.

Cem anos de educação e pertencimento

Hoje, a escola Frei Caneca segue ativa, com mais de 300 alunos e uma comunidade escolar que mantém viva a essência de seus fundadores. O livro de Rafael Pinheiro eterniza essa trajetória, conectando passado e presente em uma narrativa afetiva e documental.

— Mais do que contar uma história, quis mostrar que a escola é feita de pessoas: de quem ensinou, de quem aprendeu, de quem ainda passa por ali todos os dias. A Frei Caneca é memória, mas também é futuro — resume o autor.

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