Uma proposta para aproximar a cultura gaúcha do ambiente escolar começa a ganhar corpo em Flores da Cunha. A ideia é levar atividades dos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) diretamente para as escolas, despertando nos alunos interesse pela música, dança, culinária e costumes tradicionais do Rio Grande do Sul.
O projeto ainda está em fase de planejamento, mas já mobiliza vereadores, a Prefeitura e representantes do tradicionalismo gaúcho. A iniciativa é vista como uma oportunidade de fortalecer vínculos culturais e educativos.
A proposta deve abranger desde oficinas práticas até apresentações artísticas, promovendo interação entre estudantes e integrantes dos CTGs. O vereador Marcelo Golin (PL) foi o primeiro a abordar o tema no plenário do Legislativo, destacando a iniciativa como uma forma de estimular valores como respeito, disciplina e socialização entre os alunos.
— É uma questão de interação entre os alunos, de conhecimento da cultura, dos vínculos entre as famílias. Não é só sobre a cultura em si, mas sobre todo o trabalho fantástico que os CTGs realizam. Hoje temos tantos problemas sociais, como a questão dos celulares e outros desvios. O CTG é uma parte essencial também nessas questões de respeito e disciplina. Acredito que esse projeto é muito válido — defende Golin.
Fase de planejamento
O vice-prefeito Márcio Rech, que é reconhecido por sua participação no movimento tradicionalista, ressalta que há muito o que definir antes de qualquer implementação.
— Conversamos internamente com o prefeito César (Ulian), com a secretária de Educação, Neide, e também com o vereador Golin sobre a ideia de implantação. Estamos analisando a proposta e vamos definir o formato até o final do ano. A intenção é levar aulas sobre as tradições gaúchas para dentro das escolas, despertando nos alunos a vontade de frequentar mais os CTGs — afirma.
O projeto se inspira no trabalho que os CTGs e outras entidades já desenvolvem na região.
— Nós já realizamos ações do CTG Galpão Serrano com jovens em Mato Perso, fomentando essa cultura durante a Semana Farroupilha. Converso bastante com a Joice, coordenadora artística do CTG, e a ideia é levar a cultura gaúcha para dentro das escolas. Ainda estamos avaliando se será no contraturno ou no turno normal, buscando a melhor forma de implementação — declara o vice-prefeito.
O debate surge em um momento que outros municípios desenvolvem ações semelhantes. A vizinha Caxias do Sul, por exemplo, aprovou neste ano o Programa CTG na Escola, que busca institucionalizar a presença das tradições gaúchas nas escolas públicas municipais. O vice-prefeito Marcio, contudo, afirma que a intenção é criar um projeto próprio respeitando as características locais.
“Transmitimos valores herdados”
Para Joice Hoffmann de Oliveira, coordenadora do CTG Galpão Serrano, o contato direto com os estudantes permite transmitir a tradição de maneira prática e envolvente:
— O CTG sempre teve um olhar muito especial e uma agenda voltada aos estudantes. Durante a Semana Farroupilha e na véspera do rodeio, as invernadas visitam as escolas, levando oficinas de dança, chula, declamação, canto e vivências campeiras. Nessas oficinas, transmitimos valores herdados de nossos antepassados — detalha a coordenadora.
A continuidade do trabalho depende da participação da comunidade e do apoio da rede escolar:
— Através desses momentos nas escolas, conseguimos atrair muita gente para dentro da entidade. É importante manter esse legado, transmitido de geração em geração. Só conseguiremos dar continuidade a esse trabalho se tivermos o apoio da comunidade escolar, da administração e da imprensa, que ajuda a divulgar tudo isso — completa.
A secretária de Educação, Neide Sonda de Godoy, ressalta que a proposta precisa garantir que os estudantes tenham um contato com a cultura gaúcha de uma forma que se integre ao ambiente escolar.
— Os CTGs têm um papel muito importante na preservação e difusão da cultura gaúcha. Caso o projeto avance, a ideia é que essa participação possa ir além das apresentações, criando momentos de interação e aprendizado. No entanto, ainda estamos avaliando as possibilidades, sempre com o cuidado de manter o foco pedagógico e o envolvimento dos estudantes de forma significativa — salienta.

