— A mitologia grega, há milênios, já formulava alegorias para tornar os dramas da experiência humana mais acessíveis. Menos teóricos e mais práticos. Assim, surge o Sísifo para a pena: empurrar a pedra sem garantia de cume. O Escaravelho para a anatomia do tempo ruim: inseto e a matéria que ele rola. Da mesma forma, entre mito e lama, tentam sobreviver pais, mães, filhos, irmãos, famílias.
Esta metáfora serviu de inspiração para a obra “O Sísifo Escaravelho: paternidade por insistência”, escrita pelo médico cirurgião plástico Guilherme Barreiro, 37 anos, que, na obra, utiliza do pseudônimo Gregor Samsa.
A narrativa está associada a situações que o autor vivenciou em sua trajetória, mas, claro, carrega uma série de analogias para provocar “desconforto” e a reflexão do leitor:
— Creio, como alguns dos filósofos clássicos, que a maior parte do saber nasce da experiência sensível. Alinho-me a eles: não se conta o que não foi, de alguma forma, vivido. Mas a realidade, em tempos de judicialização para tudo, pode ser muito cruel. A literatura ficcional sabe melhor dizer o que os autos fingem não ouvir — destaca Barreiro.
“O Sísifo Escaravelho” é uma publicação independente, com 146 páginas, que foi escrito em fevereiro de 2025.
— Não se cobra ingresso para dor. O livro, portanto, só pode ser gratuito. Cada exemplar impresso, pelo contrário, gera-me custo. Mas esse é o pedágio, moral e financeiro, de se contar essa história — ressalta o autor.
A obra será apresentada neste sábado (27), às 16h, na Feira do Livro de Caxias do Sul, junto à Praça Dante Alighieri, e poderá ser adquirida por meio de uma doação voluntária de qualquer valor para a chave Pix CNPJ 16.650.666/0001-25, seguida do envio do comprovante, nome e endereço para o e-mail osisifoescaravelho@gmail.com. A quantia doada será destinada ao Centro Assistencial Vitória, de Caxias do Sul. Já a versão digital é gratuita e pode ser acessada pelo link.
Sobre o autor
Natural de Caxias do Sul, Guilherme Barreiro morou até os 16 anos na Terra do Galo. Estudou no Colégio São Carlos, e aos 18 anos, mudou-se para a capital gaúcha para formação em Medicina. Mais tarde, aos 29 anos, o destino foi o município de Sinop, no Mato Grosso, onde reside até hoje.
— Ainda que eu esteja longe há mais de uma década, raízes não conhecem GPS. Em Flores, por herança de imigração e cultura, família é vocábulo forte. Talvez por isso este livro ressoe mais aí: onde a palavra “pai” não é suprimida por sentença, nem “filho” é moeda de troca. Apareçam (na Feira do Livro)! Levem os olhos limpos e deixem certezas do lado de fora — convida o autor.

