Aos 99 anos, a moradora mais antiga de Nova Pádua deixou um exemplo de dedicação e amor, sendo uma das fundadoras do Esporte Clube Paduense e referência na história do município.
Moradora mais antiga de Nova Pádua, Leonora Fochesato Pauletti faleceu aos 99 anos na semana passada. Ela foi uma das fundadoras do Esporte Clube Paduense e recentemente havia sido homenageada pela Câmara de Vereadores, que reconheceu sua importância para a história do município de 32 anos.
Natural de Otávio Rocha, Leonora nasceu em 28 de outubro de 1925 e, aos 18 anos, mudou-se para Nova Pádua após se casar com Fidélio Pauletti. Juntos, construíram uma vida de trabalho e dedicação por 73 anos — Fidélio faleceu em 2018, aos 97 anos. Durante essa trajetória, tiveram 15 filhos, 28 netos, 24 bisnetos e três tataranetos.
Filha de Victorio Fochezato e Izabel Casagranda, ela era a última remanescente de uma família de sete irmãos. Para os filhos, Leonora não era apenas a mãe; ela representava a essência da força silenciosa e do sacrifício constante. A 13ª filha, Bernadete Pauletti, 60, lembra da dedicação inabalável da mãe.
— Ela nunca reclamava de nada. Trabalhava na roça, cuidava da casa, da gente. A vida dela era servir e amar — recorda com carinho.
Leonora conciliava as lidas do campo com a criação dos filhos e a organização do lar. Mesmo durante as gestações, trabalhava até os últimos dias antes do parto. Seu cotidiano era regido pelo esforço, mas também pelo cuidado.
— Meus pais passaram por muitas dificuldades. Naquele tempo, tinha que trabalhar para comer. Não havia dinheiro sobrando, mas ela nunca deixou faltar nada para os filhos. Tratava todos com igualdade, do primeiro ao último — relembra Darci Antônio Pauletti, 68, o oitavo filho.
Homenagem em vida
Além de ser um exemplo dentro de casa, Leonora deixou um legado para os paduenses. Participante ativa da igreja, foi presença constante nas festividades religiosas, ajudando na organização e manutenção do salão paroquial.
— O que ela deixou para Nova Pádua foi sua dedicação incondicional à igreja, ao salão e à comunidade, especialmente nas festas. Ela sempre trabalhou com afinco e, acima de tudo, demonstrou um profundo respeito por todos ao seu redor — destaca Darci.
Sua contribuição também se estendeu ao desporto. Leonora foi uma das colaboradoras na fundação do Esporte Clube Paduense, criado por volta de 1946. O clube, que serviu como ponto de encontro dos moradores por décadas, encerrou suas atividades há cerca de 10 anos, mas a participação de Leonora na história da entidade ainda é lembrada.
Outro marco na vida da moradora mais velha do Pequeno Paraíso Italiano foi a homenagem que recebeu durante a Sessão Solene da Câmara de Vereadores em comemoração aos 30 anos do município, em março de 2022.
Na época, a vereadora Giseli Boldrin ocupava o cargo de vice-presidente, ao lado do então presidente, o vereador Maico Morandi. O objetivo da solenidade foi reconhecer a trajetória das pessoas que contribuíram para a construção de Nova Pádua desde sua origem, preservando, assim, a cultura de respeito aos idosos e ao legado que deixaram para suas famílias e para o município.
— Com certeza, Leonora mereceu essa homenagem. Na verdade, não só ela, mas todas as pessoas mais idosas. Tanto o então presidente Maico (Morandi) quanto eu nos sentimos muito honrados em realizar essa homenagem e ver os olhos brilhando. Alguns, com mais saúde, ousaram até dizer algumas palavras. Foi muito emocionante. Atualmente, dois anos depois, alguns já partiram, (como a Leonora), e saber que foram homenageados em vida é muito gratificante — declara Giseli.
Na ocasião, foram homenageadas as duas pessoas mais idosas de cada comunidade paduense. Leonora estava entre os prestigiados, mas, por questões de saúde, não pôde comparecer — a homenagem foi entregue a seus familiares.
Mesmo com uma rotina exigente, Leonora sempre encontrava alegria nas pequenas coisas. Cozinhar era uma de suas maiores paixões, e sua casa, constantemente cheia de risadas e conversas, era um verdadeiro reflexo disso. Cada refeição para ela, era uma oportunidade de compartilhar um pouco do seu afeto.
— Ela gostava muito de reunir a família. Sempre que recebia visita, preparava o café da tarde com muito carinho. Fazia questão de receber bem os filhos, e mesmo depois que nos casamos e seguimos nossos rumos, ela adorava que a gente fosse visitá-la. Cozinhar era algo que ela fazia com muito amor. — salienta a filha Bernadete.
Nos últimos anos, após o falecimento de seu marido, Leonora enfrentou problemas de saúde que a deixaram acamada. Durante sete anos, foi cuidada pelos filhos, que se revezavam para garantir sua assistência
— A perda é grande, mas Deus conforta a gente. A maior herança que ela nos deixou foi a missão cumprida de termos cuidado dela até o fim — conclui Darci.