Início » “Nós temos uma comunidade unida”, valoriza morador de São Vitor e Santa Corona

“Nós temos uma comunidade unida”, valoriza morador de São Vitor e Santa Corona

Ulisses Mantovani, 85 anos, destaca o comprometimento e a fé da localidade
Lourdes e Ulisses Mantovani estão casados há 64 anos (Foto: Karine Bergozza)

Natural de São Vitor e Santa Corona, Ulisses Mantovani, 85 anos, escolheu a localidade para viver e formar sua família. Há 64 anos, ele é casado com Lourdes Carlesso Mantovani, 81, com a qual teve seis filhos.

Para o aposentado, o principal ponto positivo de residir no local está no fato de a comunidade ser bastante unida, ter muita fé e preocupar-se com o bem-estar do próximo.

— Quando cai um parreiral ou outra coisa, todo mundo se ajuda. Nós temos uma comunidade unida. (Na semana passada,) encerramos uma novena que estávamos fazendo todas as noites pela saúde de um jovem de 37 anos daqui da comunidade. Ele está com problemas de visão e fez uma cirurgia para tentar reverter o quadro. Nesta novena nós enchemos a igreja todos os dias – orgulha-se Mantovani, que compara a comunidade a uma grande família.

Os moradores também se unem para organizar as festas e promoções da capela ao longo do ano. E quando o assunto é gastronomia a comunidade realiza anualmente, no mês de maio, a festa em honra aos padroeiros São Vitor e Santa Corona, além dos já tradicionais jantares com cabeça de porco e buchada.

— Teve uma vez que veio um homem aqui na cabeça de porco e quando chegava a comida na mesa ele não comia. Eu passei ali perto dele e ele me perguntou: “Mas e a cabeça de porco?”. Eu respondi que era o que estavam servindo porque a cabeça é desmanchada, cortada — diverte-se Mantovani, que prossegue detalhando o modo de preparo da iguaria:

— Primeiro eles fervem em um panelão para que a pele se solte da cabeça, aí eles cozinham essa pele no espeto para o pessoal comer antes. Na hora de servir também servimos no espeto, em pedacinhos, onde colocamos um pedaço de panceta, outro de pedaço de coração de porco, de costelinha de porco, tudo misturado, não tem só cabeça de porco. Tudo é servido à vontade acompanhado de massa, salada, maionese e galeto.

O morador destaca que os eventos de São Vitor e Santa Corona costumam lotar o salão (que tem capacidade para cerca de 700 pessoas) e que “quem vem uma vez vêm sempre, porque é muito bom”.

— A cada seis meses trocamos o bodegueiro, e o fabriqueiro a cada dois anos. Então, uma vez faz o fabriqueiro (as festas) e outra vez o bodegueiro. Não tem outra comunidade que faz tantas promoções como a nossa aqui.

“Eu não falho uma”

Mantovani sempre foi bastante atuante na localidade, ajudando com o que fosse preciso e exercendo a função de fabriqueiro por três vezes.

— Quando fui fabriqueiro, fiz um grande barracão com a cancha de bochas, agora desistiram (de jogar). Uma vez nós tínhamos um galpãozinho que não servia para nada e eu desmanchei tudo e fiz um grande. O salão novo existe há 20 anos e embaixo dele tem um “bodegão” grande, que é para quem passa os finais de semana ali jogando carta. Ali também dá para fazer uma jantinha com 20 a 40 pessoas. Já quando fazem aquelas festas grandes tem que ser no salão, que é em cima, e tem espaço para cozinha e depósito — detalha o morador, complementando que quase todo o sábado a bodega da localidade está cheia, pois os bodegueiros têm uma turma fixa que se reúne.

Em relação à igreja, o florense diz lembrar da construção como ela é hoje, mas recorda com carinho de algumas mudanças no entorno.

— Logo na frente tinha uma escolinha para as crianças. E depois, com o tempo, fizeram aquela grande em São Roque (Benjamin Constant). Então, desmancharam essa pequena e foram todos (alunos e professores) para lá.

Devido ao avançar da idade, o aposentado não “coloca a mão na massa”, no entanto continua marcando presença em todos os eventos da comunidade e arredores, além de colaborar com a venda de ingressos.

— Eu não falho uma porque o único lugar que vou é ali (nas jantas da comunidade) e no Carmo, onde não perco uma festa porque lá tem os meus parentes. De vez em quando vou na Restinga e em São Roque também — empolga-se Mantovani.

Por outro lado, sua esposa Lourdes segue participando das atividades promovidas pelo Clube de Mães Esperança, onde auxilia no preparo de pratos comercializados pela capela, como lasanha e cuca.

Atualmente, a comunidade possui cerca de 50 sócios. Alguns moram na área urbana da cidade, mas seguem associados a São Vitor e Santa Corona.

— A juventude foi para a cidade. Tenho medo quando terminar a nossa geração. Mas é que a comunidade já está acostumada. Tem que ter um ou dois na frente, depois as turmas vêm tudo de fora, porque os de São Vitor tem poucos — opina Mantovani sobre o futuro da comunidade.

Questionado sobre o que poderia melhorar a qualidade de vida dos moradores ele menciona que apenas o asfalto, mas que “já está certo” que deverá chegar à rua de sua casa em breve.

— Aqui não falta nada. Graças a Deus que estamos aqui! — conclui o aposentado.

Leia Mais

Compartilhe:

Mais Notícias

Outras notícias:

Tem certeza de que deseja desbloquear esta publicação?
Desbloquear esquerda : 0
Tem certeza de que deseja cancelar a assinatura?

Entrar na sua conta