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Motoristas e colonos encaram a chuva para receber a benção em Nova Pádua

Intempérie não mudou a tradição e a fé do povo trabalhador do Pequeno Paraíso Italiano
(Foto: Nael Rosa)

A chuva que caía na manhã deste domingo (27) não foi um impedimento para a programação em Nova Pádua, afinal agricultores e caminhoneiros são acostumados a lidar com as intempéries. Centenas deles se reuniram na procissão motorizada para pedir a benção dos padroeiros, Santo Isidoro e São Cristóvão, durante a Festa do Colono e do Motorista — um dos eventos mais aguardados no Pequeno Paraíso Italiano. A tradição religiosa é um dos pontos altos da programação, que incluía Dia do Campo, almoço no Salão Paroquial e atrações na praça central.

Ao longo da Avenida dos Imigrantes, centenas de tratores e caminhões receberam a companhia de veículos de trabalho, como o transporte escolar, máquinas agrícolas diversas, ambulâncias e, por fim, viaturas da Brigada Militar. Todas conduzidas por quem, ao volante, dá sua contribuição para os diferentes segmentos do município.

Por mais de uma hora, o padre José Mussoi, responsável pela Igreja Matriz Santo Antônio, concedeu a benção aos colonos, devotos de Isidoro, e aos profissionais que ganham a vida sobre rodas, sempre sob a proteção de São Cristóvão, o padroeiro dos caminhoneiros e de todos os demais motoristas. Ao longo da avenida central, os guarda-chuva e sombrinhas foram companhia indispensável para que todos que compuseram o desfile, fossem saudados com acenos e aplausos por quem fez questão de prestigiar o ato religioso.

Mesmo com o aguaceiro, por mais um ano, Aldo Baseo não faltou à procissão:

— Se eu puxar muito pela memória, não consigo lembrar quantas vezes, nesses meus 81 anos, eu vim. Faço isso desde criança. Minha vida foi plantando milho, trigo, feijão e uva, apenas para o sustento da nossa família. Então hoje foi dia de eu ver eles, que repetem o que eu já fui e fiz, receberem as bênçãos. A chuva não me impediria — declarou o aposentado.

No espaço improvisado para o pároco, a decoração eram os alimentos cultivados pelos paduenses. A agricultora Marin Rossi, 63 anos, fez questão de fotografar a tradição paduense, que reúne a fé e orgulho do campo. Para ela, motivos não faltam para, mais um ano, se somar as centenas de pessoas que foram às ruas se fazer presentes ao ato.

A agricultora Marin Rossi, 63 anos, conta a sua passagem de fé após o granizo de 2013. (Foto: Nael Rosa)

— Eu ainda lido com a terra. Nada de aposentadoria. Hoje eu e o marido temos a ajuda dos filhos, assim como nossos pais contaram com a nossa. Bato enxada na roça desde criança. Depois da escola, só tínhamos tempo para almoçar e depois trabalhar até a noite cair. Por isso eles merecem que eu esteja aqui mais um ano para aplaudi-los — orgulha-se a idosa, para a seguir, falar de sua fé:

— Peguei minha sombrinha e vim protegida por Santo Isidoro, pedir para que nada de ruim aconteça na lavoura, mas não só a nós. Também estou aqui para pedir que os motoristas sejam protegidos, que não haja nenhum acidente nas estradas — roga.

A devota lembra dos momentos difíceis, como o temporal de granizo em 2013, que devastou a maioria dos moradores tinham plantado no Pequeno Paraíso Italiano.

— Sentei na porta e perguntei o motivo. Dias depois, nasceram 10 pés de radite e seis pés de couve-flor. Só há um detalhe: nós não tínhamos sementes delas em casa, então, não as plantamos. Mesmo assim, Deus olhou para nós, as hortaliças brotaram e tudo recomeçou novamente. Agradecida, mesmo sendo pouco, dividi a benção: dei três pés de couve-flor à vizinha, pois me dei conta: se Deus nos deu, não podemos ficar com tudo, temos que repartir com outros que naquele momento precisam — compartilha Marin.

(Foto: Nael Rosa)
(Foto: Nael Rosa)
(Foto: Nael Rosa)
(Foto: Nael Rosa)

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