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Morre Rodi Borghetti, ícone do tradicionalismo gaúcho, aos 92 anos

Natural de Flores da Cunha, ele foi fundamental na preservação da cultura gaúcha e no fortalecimento do movimento tradicionalista
(Foto: Melchior Borghetti Verza, arquivo pessoal)

Borghettão ao lado dos irmãos Rudimar Borghetti e Ereny Maria Borghetti durante lançamento da biografia dele. (Foto: Melchior Borghetti Verza, arquivo pessoal)

Rodi Pedro Borghetti, um dos nomes conhecidos do tradicionalismo gaúcho, morreu na noite de segunda-feira (17), aos 92 anos. Natural de Flores da Cunha, Borghettão, como era conhecido, dedicou a vida à defesa e promoção da cultura gaúcha e de movimentos tradicionalistas. Pai do músico Renato Borghetti e do produtor Marcos Borghetti, sua partida deixa uma grande lacuna na comunidade tradicionalista e em sua cidade natal.

— Ele saiu de casa para estudar. Ele viajava de Flores da Cunha para Caxias do Sul, naquela época, para estudar no Colégio do Carmo, onde ele fez o segundo grau, morando em Flores da Cunha. Foi para Porto Alegre fazer curso de Direito, formou-se, constituiu família, casando com a Alda Becker, e teve dois filhos, o Marcos e o Renato Borghetti — relembra Rudimar Constante Borghetti, 69, irmão de Rodi.

A história do tradicionalista com o município é antiga. Rodi nasceu em Nova Pádua, quando a cidade ainda pertencia a Flores da Cunha. Neste período o pai dele, Aparício Borghetti, era sub-prefeito da localidade. Nascido na região onde fica o Travessão Rondelli, o pai de Borghettão também foi delegado de polícia em Flores da Cunha. Antes disso, o avô de Rodi, Constante Borghetti tinha uma hospedaria próxima a região que recebia os mantimentos que vinham pelo rio das Antas por meio de mulas que faziam o transporte. Segundo Rudimar, o local era chamado de Casa de Pasto.

Apesar de não ter mais parentes na região, foi na Terra do Galo que os pais de Rodi, Rudimar e outras cinco irmãs, estabeleceram suas raízes.

— Ele era muito influente no tradicionalismo do Rio Grande do Sul e teve uma influência muito forte no tradicionalismo gaúcho — considera o irmão mais novo.

Em uma postagem no Instagram, o músico Renato Borghetti, emocionado, se despediu do pai.

— Com muita tristeza noticio o falecimento de meu pai o “Borghettão”. Com certeza está fazendo uma linda cavalgada no céu — escreveu em publicação.

Marcos Borghetti também prestou homenagem em sua conta no Facebook, destacando o amor e a convivência com o pai.

— Meu velho querido partiu hoje (segunda-feira) serenamente e rodeado de muito amor, um ciclo de vida lindo e completo, mas que baita falta tu vais fazer pai. Certamente um bom cavalo bem encilhado te espera para novas cavalgadas. Segue em frente xirú e zela por nós aqui embaixo. Te amo eternamente — publicou Marcos.

 

O fim de uma era para o tradicionalismo gaúcho

Ao longo da vida, Rodi foi um dos maiores defensores da cultura e das tradições gaúchas. Natural de Flores da Cunha, ele foi patrão do CTG 35 – um dos mais tradicionais de Porto Alegre – e, em 2010, recebeu a honraria de patrono da Semana Farroupilha no Rio Grande do Sul. Fundador da Confederação Brasileira de Tradição Gaúcha e ex-presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) por dois mandatos, sua influência no tradicionalismo gaúcho foi imensa.

O escritor Luiz Antonio de Assis Brasil destaca a respeitabilidade de Borghettão em texto publicado no livro Rodi Pedro Borghetti – A memória escrita, biografia escrita pelo jornalista Rossyr Berny.

— No domínio do tradicionalismo – e nos outros domínios – é figura respeitada, e sempre que ele pede a palavra, todos se calam. É uma façanha, que ele atinge porque sempre foi honesto no trato pessoal e respeitador de opiniões alheias. Enfim, o Borghetti é incombustível. Um fogo que nunca se apaga — diz o trecho escrito por Luiz Antonio.

Além da atuação no tradicionalismo, Rodi Borghetti também teve uma carreira no setor imobiliário, sendo o primeiro presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 3ª Região (Creci), cargo ao qual foi reeleito em oito ocasiões entre 1962 e 1970.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1961, Borghettão recebeu, em 2002, o título de cidadão de Porto Alegre, em reconhecimento à trajetória e contribuição para a cidade e o estado.

 

Despedida do Borghettão

O velório de Borghettão será realizado na quarta-feira (19), das 9h às 14h, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, onde amigos, familiares e admiradores do tradicionalismo poderão prestar as últimas homenagens. A causa do falecimento não foi divulgada até a publicação desta matéria no final da tarde de terça-feira (18), mas a doença que o acometera nos últimos dias, uma pneumonia, havia o enfraquecido antes do falecimento.

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