Em outubro, um veículo teve o vidro traseiro quebrado após queda de um fio que estava preso em um poste de luz
Diversos são os problemas gerados pela falta de gerenciamento dos fios que ficam pendurados nos postes de luz da cidade. Além da aparência feia provocada pelo emaranhado de fios, por vezes enroscados e por vezes soltos, também preocupa a possibilidade de provocar um acidente. Entre os florenses que demonstram insatisfação com a falta de capricho das empresas que utilizam os postes para algum tipo de prestação de serviço, seja de internet ou de luz, está a moradora do bairro Granja União, Tatiana Cavagnolli, 45. Ela já teve problemas com seu carro em função de um acidente provocado após a queda de um fio, que ocorreu no dia 31 de outubro.
— Eu já tive um incidente com meu carro por causa disso (fios). Tive um problema grave com o meu carro. Ele estava estacionando na frente da casa da minha mãe (Laurita), aí passou um caminhão e bateu no fio. Só que o fio só ficou baixo, não chegou a cair. Passaram os lixeiros e amarraram uma sacola no fio. Em seguida, passou um outro veículo e carregou tudo. Nisso caiu um fio de alta tensão, junto com uma bola que prende ele, no meu carro e estourou o para-brisa — relata Tatiana.
Tatiana não economiza palavras ao afirmar que falta um serviço de qualidade por parte das empresas responsáveis pelos fios que estão nos postes pendurados. Ela tem observado diariamente esse problema no deslocamento de sua casa, no União, até a casa de sua mãe, no Centro.
— Na Ernesto Alves, muitos caminhões passam e acabam levando os fios que estão muito baixos. Seja de alta tensão ou de telefonia, quando eles (empresas) vão arrumar fazem uma gambiarra, deixam fios jogados. Fazem um serviço mal feito. Se fosse bem feito, o fio seria trocado e colocado direitinho e não deixariam jogado no chão. Fora que levam semanas para arrumar e recolher os fios — reclama Tatiana.
Outro morador é Valdir Subtil Vieira, 45, que tem o salão Ale e Valdir, na rua Tiradentes e demonstrou preocupação com o estado que se encontram os fios em sua rua.
— Já faz dias que o pessoal passa aqui pela nossa rua e acha perigoso esse monte de fios pendurados. Pode pegar no olho da pessoa e machucar, sendo que um dos fios está bem baixinho — observa Vieira.
Em 2019, o jornal O Florense publicou uma matéria abordando esse tema, e, apesar de alguns movimentos de lideranças, prefeitura e comunidade, a situação parece ficar cada vez mais caótica. A reportagem do jornal O Florense entrou em contato essa semana com a Administração Municipal, que afirmou ter, já para o próximo ano, prevista a remoção dos fios que estiverem irregulares junto a rede de energia elétrica, a qual é administrada pela RGE.
O que diz a prefeitura
A responsabilidade sobre os postes de energia elétrica é da RGE, incluindo a gestão dos fios instalados por operadoras de telefone, internet e outros serviços. A Prefeitura Municipal não tem autorização para realizar intervenções diretas nos postes ou fios, mas atua em parceria com a RGE para encaminhar demandas e promover soluções. Sempre que a população identificar fios caídos, muito baixos ou representando perigo, o contato deve ser feito diretamente com a concessionária.
A administração municipal já realizou reuniões com a RGE e contribuiu no levantamento dos contatos das empresas que utilizam os postes. A partir do primeiro semestre de 2025, está previsto o início de um projeto conjunto para a remoção gradual desses fios na área central, com apoio operacional do município.
Além disso, a fiscalização primária é de responsabilidade da RGE, mas a Prefeitura segue acompanhando a situação e cobrando ações efetivas para garantir a segurança e organização dos espaços públicos.
O que diz a RGE
A RGE esclarece que os procedimentos para o compartilhamento de infraestrutura de concessionárias de energia elétrica com empresas do setor de telecomunicações estão estabelecidos na Resolução Normativa nº 797, de 12 de dezembro de 2017, da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, alinhada com a ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações.
Conforme essas normas, os ocupantes (empresas de telecomunicações que possuem contrato com a Distribuidora para uso compartilhado dos postes) são responsáveis pela manutenção de suas instalações (fios e cabos) e devem mantê-las regularizadas, observando as normas técnicas e regulatórias para segurança na sua ocupação.
A RGE fiscaliza e emite notificações a todas as empresas cadastradas que têm contrato de compartilhamento de infraestrutura na região quando identifica eventual irregularidade de responsabilidade das ocupantes. Importante destacar que os cabos de energia elétrica, estes de responsabilidade da RGE, respeitam a NBR 15214/2005, ficando instalados acima do cabeamento de telecomunicação e jamais enrolados ou pendurados nos postes.