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Junho violeta: a vulnerabilidade dos idosos

No mês da conscientização da violência contra a pessoa idosa, comissão é formada para unir informações e auxiliar os necessitados

“Tu ainda não morreu?”. Essa é apenas uma das frases que os idosos mais escutam, conforme a presidente da Associação dos Idosos de Flores da Cunha, Adiflores, Carmen Oliboni. Uma violência psicológica muito forte, que nesse período de pandemia aumentou com a permanência em casa.  
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A violência contra o idoso pode ser definida como “um ato único, repetido ou a falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento em que exista uma expectativa de confiança que cause dano ou sofrimento a uma pessoa idosa”. É uma questão social global que afeta a saúde e os direitos humanos de milhões de idosos em todo o mundo e que merece a atenção da comunidade.
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Em muitas partes do mundo, o abuso de idosos ocorre sem que haja reconhecimento ou resposta, pois, até recentemente, esse grave problema social estava oculto à vista do público e era considerado um assunto privado. Ainda hoje, o abuso de idosos continua sendo um tabu, subestimado e ignorado pelas sociedades mundialmente. No entanto, há evidências que indicam que o abuso de idosos é um importante problema de saúde pública e social.
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Em Flores da Cunha, o ano de 2021 está sendo bastante importante para essa comunidade que já chega a mais de 5 mil idosos (16% da população). A vereadora eleita pelo Partido Progressista, Silvana De Carli, está encabeçando a Comissão do Idoso, que tem como objetivo principal promover a defesa dos idosos, aposentados e pensionistas através do acompanhamento e o desenvolvimento das políticas públicas voltadas às pessoas com mais de 60 anos. 
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Dentre as ações também está a fiscalização e acompanhamento dos programas governamentais relativos à proteção dos direitos dos idosos, levantar dados e estatísticas e realizar debates e seminários destinados a diagnosticar os problemas enfrentados pelos idosos a fim de apontar suas possíveis soluções. 
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“Nesse primeiro momento estamos ouvindo todos os segmentos. A ideia é coletar as demandas, ouvir as situações e trabalhar para desenvolver uma política pública para essa faixa etária, voltada para a nossa realidade”, ressalta Silvana.
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De acordo com Paulo Roberto Finger, que faz parte do Conselho do Idoso – outra entidade bastante importante no município – desde 2015, representando o Centro Empresarial de Flores da Cunha, ao longo dos anos muito foi feito e ainda muito pode se fazer para o idoso. “O papel do Conselho do Idoso consiste em assegurar os direitos sociais do idoso, dando condições para sua autonomia, bem como a integração na sociedade, fiscalizar a aplicação do Estatuto do Idoso, as leis tem que ser cumpridas e respeitadas”, esclarece Finger.
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Através do Conselho, os integrantes podem ver a realidade de alguns idosos do município e contribuir na solução dos problemas. “Podemos enumerar alguns fatos relevantes nos quais houve a intervenção e trabalho dos conselheiros, como garantia do direito de uso do transporte gratuito com segurança, onde fiscalizamos pessoalmente alguns problemas que estavam ocorrendo e foram solucionados; outro fato que o Conselho interferiu foi na questão de alguns supermercados, com mais de um caixa, não terem o caixa preferencial aos idosos”, elenca Finger, que destaca que o Conselho tem procurado garantir em defesa dos idosos os estacionamentos a eles reservados, mas ainda, infelizmente, muitas pessoas não respeitam esses locais. 
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Em relação à violência, Fingir revela que muitos idosos não fazem denúncias aos abusos sofridos por medo. “Mas a omissão só prejudica os próprios idosos, por isso é necessário que toda a população que souber de casos ou que presenciarem maus tratos denunciem”, enfatiza. A vereadora Silvana De Carli também destaca essa situação. “Fui até a delegacia coletar dados e não temos números. Os idosos têm muito medo de denunciar porque a maioria deles são violentados por alguém próximo, da família”. 
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Silvana relata alguns casos existentes no município. Um deles de uma senhora que foi abandonada pelas filhas. “Com a ajuda de outras pessoas da comunidade conseguimos uma casa para ela morar e levamos comida”, conta. E essa é apenas uma das diversas situações encontradas no município. 
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“A ideia da comissão formada na Câmara de Vereadores é também dar segurança para que os idosos comecem a denunciar, porque hoje tem programas de amparo. Muitas situações não chegam a público, ficam veladas e queremos reverter essa situação”, relata a vereadora.
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A presidente da Adiflores, Carmen Oliboni, destaca que a entidade sabe dos abusos por terceiros, mas poucas são as pessoas que procuram a Associação para desabafar. “No ano passado tivemos dois casos. Aqui também oferecemos auxílio psicológico, mas são poucos que procuram”, relata. 
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Conforme a presidente, os idosos têm vergonha de falar por medo de sofrerem represálias. “Quando tínhamos os encontros, era mais fácil os idosos falarem, se abrirem. Agora com a pandemia ficou bem mais difícil e percebemos muitos mais atos de violência”, relata. Mas evitar de conversar com outras pessoas faz com que os idosos fiquem mais doentes e sem vontade de viver. “Há um caminho longo ainda a ser percorrido. Precisamos informar mais os idosos, eles precisam saber que existe um estatuto, que têm amparo, instigar eles a falar ou ligar para o Disque 100. Vemos que as farmácias, aonde eles vão seguidamente, poderiam ter um auxílio, como a ‘Máscara Roxa’ para as mulheres violentadas”, sugere Carmen. 

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Onde procurar orientação ou denunciar
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– Comissão do Idoso e Conselho Municipal do Idoso
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– Adiflores
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– Delegacia de Polícia
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– Disque 100 (Direitos Humanos)
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– 190: Polícia Militar (para situações de risco eminente)

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Fortalecendo as redes
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Dados do Disque 100 revelam que, só no primeiro semestre deste ano, mais de 33,6 mil casos de violações de direitos humanos foram registrados contra o idoso no país. E para enfrentar esse tipo de violência, o Governo lançou campanha com o tema “Fortalecendo as redes de proteção de direitos”. 
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A ação é do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e faz parte do Junho Violeta, mês de mobilização da sociedade para a proteção das pessoas com 60 anos de idade ou mais.
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O secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, Antonio Costa, relata que o Junho Violeta é um mês dedicado à conscientização do combate à violência contra a pessoa idosa. “É um período de maior reflexão para que juntos possamos vencer esse grande mal que vem assolando os idosos, o aumento expressivo do número de denúncias desde o ano de 2020 com o início da crise sanitária”.

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Fonte: Governo Federal

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Tipos de violência contra as pessoas idosas
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A mais comum é a negligência, quando os responsáveis pelo idoso deixam de oferecer cuidados básicos, como higiene, saúde, medicamentos, proteção contra frio ou calor.
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O abandono vem em seguida e é considerado uma forma extrema de negligência. Acontece quando há ausência ou omissão dos familiares ou responsáveis, governamentais ou institucionais, de prestarem socorro a um idoso que precisa de proteção.
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Há, ainda, a violência física, quando é usada a força para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam, ferindo, provocando dor, incapacidade ou até a morte. E a sexual, quando a pessoa idosa é incluída em ato ou jogo sexual homo ou heterorrelacional, com objetivo de obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
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A psicológica ou emocional é a mais sutil das violências. Inclui comportamentos que prejudicam a autoestima ou o bem-estar do idoso, entre eles, xingamentos, sustos, constrangimento, destruição de propriedade ou impedimento de que vejam amigos e familiares.
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Por último, há a violência financeira ou material, que é a exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou o uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais.

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