Especialista em segurança digital alerta sobre o aumento de invasões e as medidas necessárias para proteger as redes sociais
O Jornal O Florense perdeu o acesso à conta do Instagram na última sexta-feira (31), após um ataque cibernético que impediu a equipe de acessar o perfil na plataforma. O incidente que ocorreu quando a página estava prestes a alcançar a marca de 10 mil seguidores, traz à tona uma problemática crescente: a vulnerabilidade de contas de redes sociais.
Um hacker, aparentemente de fora do país, conseguiu acessar o perfil e o e-mail associado, trocando as senhas e inativando a página. Para reverter a situação, a equipe do jornal entrou em contato com a Meta e buscou a ajuda de profissionais especializados. A previsão é de que o acesso seja recuperado nos próximos dias.
— Entendo que o Instagram é uma das ferramentas para comunicar nossa audiência sobre matérias produzidas e disponíveis no site ou na edição impressa. A não utilização desta ferramenta impacta parcialmente em nosso trabalho, ainda mais agora que estávamos prestes a atingir os 10 mil seguidores — afirma Carlos Raimundo Paviani, diretor do jornal.
Para o especialista em segurança digital, Paulo Roberto de Quadros Labres, a procura por serviços de recuperação de contas tem sido alarmante.
— A procura é muito alta, o que chega até nós, em média, são de 10 a 15 (solicitações para recuperar) contas. Na grande maioria das vezes as pessoas procuram por recuperações dos serviços da Meta: Instagram, Facebook e WhatsApp. O interesse dos golpistas são somente nessas redes sociais — comenta Labres, que atua na área há cinco anos.
Ele explica que a inteligência artificial da meta também derruba muitos perfis indevidamente e que há uma busca considerável pela recuperação de contas desativadas por conta da idade e do conteúdo compartilhado. Segundo ele, as invasões acontecem em uma escala alarmante, com centenas de milhares de contas invadidas todos os dias.
Crescimento das invasões e o impacto nas vítimas
Além do ataque ao O Florense, moradores de Flores da Cunha têm se tornado alvos frequentes de golpes digitais. Um caso notório foi o da ex-candidata a vice-prefeita Sandra Camargo (Republicanos), que teve seu WhatsApp clonado em setembro de 2024. Os criminosos usaram sua conta para aplicar golpes financeiros, comprometendo a comunicação com eleitores e gerando preocupações durante a campanha eleitoral de 2024.
Outro caso de crime digital envolve golpistas que invadem contas do Facebook e usam fotos e vídeos pessoais para aplicar esquemas de pirâmide financeira. A motorista Flávia Lira, de 43 anos, uma das vítimas, teve suas imagens manipuladas e postadas por criminosos com a intenção de enganar seus amigos e familiares, atraindo-os para investimentos falsos em dezembro do ano passado.
Sobre a crescente onda de estelionatos virtuais, a delegada Suélen Breda Panizzon, da Polícia Civil, observa que, em alguns casos, as fraudes são orquestradas por criminosos que operam de dentro de presídios.
Recuperação de contas
Para ter novamente acesso a uma conta que foi hackeada, a orientação de Paulo Labres é manter a calma.
— O primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência para segurança do usuário e seus familiares. Após, tentar recuperar pelo e-mail recebido da meta na caixa de entrada com o e-mail alterado. Caso não consiga, procure um profissional de confiança para realizar a recuperação de forma segura e rápida — aconselha Labres.
De acordo com o especialista em segurança digital, as chances de voltar a ter acesso a uma conta perdida são altas. Ele conta que em média 90% das pessoas que procuram o serviço prestado por ele têm as contas recuperadas.
