— Minha meta é viver 100 anos, mas, me recuso partir sem ver, tanto a pedra quanto o seu entorno, voltar a ter a estrutura adequada e merecida. É uma cobrança que fazemos há mais de uma década!
A declaração demonstra o envolvimento da Noelci Stuani, a mais velha de quatro irmãs que buscam a recuperação do marco da ponte na comunidade da Linha 80. Aos 79 anos, Noelci se mostra indignada com o “descaso” dos gestores de Flores da Cunha dos últimos 12 anos.
O obelisco sustenta a placa de inauguração da Ponte Frei Eugênio, inaugurada em março de 1947. A ponte de madeira não existe mais, sendo substituída por uma estrutura de alvenaria. A placa em granito perdeu suas características e a base do totem foi soterrada.
Na busca pelo resgate da história local, Lauristela Stuani, 60, levou o tema ao conhecimento da atual Prefeitura.
— Falei com o prefeito César Ulian, detalhando nossa decepção com o abandono e as repetidas tentativas de mudar essa realidade. Ouvi dele que a situação seria encaminhada ao secretário da pasta competente e teria uma solução, mas… Sabe, é algo que não demanda, nem gastos ou investimentos elevados, é simples de resolver. O retorno que obtive dele (prefeito) é que haverá um desfecho positivo. Nos resta aguardar — aponta Lauristela.
Não é uma situação nova. Nestes 12 anos, as irmãs Stuani já tiveram promessas semelhantes. Contudo, o desfecho sempre fica para depois. O apelo a vereadores resultou na elaboração de um projeto para levar o monumento para a Praça Rui Barbosa, o que foi rechaçado pelas irmãs, que consideram como mudar a história de lugar. Olema, 74, recorda que o marco e o rio se confundem nas memórias das irmãs Stuani.
— No passado, nos degraus que existiam junto ao memorial, sentávamos, conversávamos e brincávamos com nossas irmãs e amigas enquanto nossos pais lavavam roupas no rio. Nos divertimos tomando banho nele, que mudou ao longo dos anos. Por ter sido alterado, o seu nível foi elevado e colaborou para o gradativo “sumiço” e deterioração do monumento. Nem mesmo a inscrição posta na inauguração existe mais — reclama.
Clari Zenaide, 68, dá outros detalhes quanto ao problema. Mas, ao mesmo tempo, detalha o que todos da Linha 80 querem da Prefeitura, enquanto providências.
— Com o passar do tempo, veio a estrada, depois o asfalto, a elevação das águas do rio, e isso impactou para que tudo em torno do marco ficasse muito feio. O mato tomou conta, os degraus que, não somente davam acesso, bem como permitiam sentar junto dele, desapareceram, pois o monumento foi afundando. É bastante triste — lamenta Zenaide, que explica que a maior parte do monumento está escondida na terra.
— É preciso arrancá-lo, pois abaixo do que se pode hoje ver, existem três níveis de base. Tem que puxar novamente para o nível da rua e recolocar a frase até então contida (Ponte Frei Eugênio de Garibaldi- março de MCMXLVII). E, por fim, refazer o acesso e talvez plantar uma grama, ter um jardim no seu entorno. Com isso, o obelisco voltaria a ser um ponto turístico e de visitação. Se continuar assim, sem conservação, abandonado logo irá se perder — teme.
O que diz a prefeitura:
“A Prefeitura de Flores da Cunha informa que foi procurada por uma moradora da Linha 80 no dia 12 de maio. Durante a conversa, foi mencionado sobre o monumento e feito um pedido de limpeza do entorno, embora esse não tenha sido o foco principal da agenda.
Desde então, tivemos um período intenso de atividades alusivas à Semana do Município, além de dias consecutivos de chuva, o que impactou o andamento de algumas ações. Ainda assim, a demanda foi prontamente registrada e já está no radar da Subsecretaria de Cultura, que fará o encaminhamento necessário nos próximos dias.
Reforçamos que a solicitação feita refere-se à limpeza do espaço, e que a Administração Municipal segue atenta às necessidades dos florenses, buscando atender cada pedido com responsabilidade, diálogo e respeito pela história das nossas comunidades”.

