Desde a 1ª Festa Paroquial da Uva, passando pela 2ª Festa Colonial da Uva (Fecouva) até chegar a 11ª Fecouva e 1ª Festa do Moranguinho muitas foram as mudanças na forma de fazer o evento. Contudo, uma característica que não se perdeu foi o resgate às origens e tradições por meio da valorização do trabalho, da religiosidade e da gastronomia local.
Ninguém melhor para falar sobre esse processo do que a rainha da 1ª Festa Paroquial da Uva, Teresinha Slaviero. Atualmente com 77 anos de idade, a empresária da gastronomia mora no município de Taboão da Serra, no estado de São Paulo, junto com o irmão, o caminhoneiro Carlos Slaviero, 70 anos. A distância não a impede de guardar na memória o período em que foi soberana da festa de Otávio Rocha.
— Nossa, foi uma coisa fora de série. Foi bom demais! Meu avô, o João Slaviero, ele queria que eu ficasse rainha e ele fez a maior festança. Lembro que no dia que foi feita a eleição ele estava em São Paulo, ele já tinha vindo morar para cá, mas estava passando alguns dias fora — conta Teresinha, que possui cinco irmãos e é filha de Cristiano Slaviero e Grandília Molon Slaviero.
A rainha, que na época tinha 17 anos, recorda que ela e suas princesas não foram escolhidas por um júri, mas sim pela venda de votos.
— Era pelos votos, aí meu avô estava em São Paulo e ele ligava a cada cinco minutos e perguntava: “Como é que está? (a apuração)“. Lembro que ele falava: “Compra mais votos, você tem que ganhar!” — relembra a soberana, acrescentando o que sentiu quando foi anunciada como rainha da 1ª Festa Paroquial da Uva:
— Foi muito emocionante, foi bom demais, eu amei! Eu não esperava porque tinha mais três (candidatas). Nossa, foi uma emoção fora de tamanho, grande demais — ressalta.
“Foi chique demais”
A primeira edição da festa teve como rainha a representante do Travessão Carvalho e como princesas Carmem Isabel Schio (Santa Justina), Edenir Scopel (capela São Luiz) e Elizabeta Molon (vila de Otávio Rocha).
— Veio a rainha da Festa da Uva de Caxias do Sul (Sílvia Ana Celli) para me coroar. Foi chique demais! A gente era lá do interior e ela veio para me coroar na noite do baile. Foi muito bom, muito bonito — emociona-se Teresinha.
E por falar em coroa, uma curiosidade que pode ser observada ao contemplarmos as fotos das antigas cortes da Fecouva é que a joia era utilizada apenas pela rainha. As princesas recorriam às tiaras ou outros adornos como acessórios. Atualmente as três integrantes utilizam coroas e a joia de 1966 é preservada como parte da história de Otávio Rocha.
Outro ponto que diferenciou a primeira festa das demais é que a corte foi formada por quatro representantes. Sobre isso a soberana acredita que ocorreu devido à necessidade de maior arrecadação de dinheiro para custear a nova igreja de Otávio Rocha, que foi inaugurada no primeiro dia da festa.
— Depois, para arrecadar dinheiro, faziam um sorteio de quem queria dançar com a rainha. Aí meu pai arrumou uma encrenca porque ele dizia que quem ia dançar com a rainha era ele. Teve um senhor que ganhou uma rifa, fizeram a rifa de um leitão e o vencedor dançava com a rainha — destaca Teresinha sobre outras formas encontradas pela comunidade para arrecadar recursos para a paróquia.
Em relação às mudanças ao longo de 60 anos história, Teresinha também aborda que os vestidos da corte eram diferentes dos de hoje, no lugar de trajes longos as escolhidas utilizavam vestes até o joelho.
— Meu vestido era lindo! Tinha duas camadas de bordado inglês, uma camada em cima era uma saia vermelha, toda bordada de pedras com cacho de uva e flores. E tinha um decote meio grande na frente, que até o padre achou que eu tinha ganhado (o vestido) e eu brinquei dizendo que em vez de comprar tecido para fazer o vestido, eu gastei nos votos. Lembro que ele falou: “Olha, se pode!”. O vestido tinha um decote meio grande, então, imagina naquela época, né? Mas não mostrava nada, só ficou a parte da frente meio aberto, mas estava todo bordado. Vinha até na metade da perna, não era até o chão — detalha Teresinha.
Natural de Otávio Rocha, a soberana não teve filhos para dar continuidade ao seu legado, mas conta que parentes suas já foram escolhidas para integrar a corte da festa. Entre elas, sua prima Beatriz Molon foi rainha da 3ª Fecouva, em 1983.
Mais uma prova de que os anos passam, mas o amor por representar Otávio Rocha e manter vivas as tradições do terceiro distrito continua forte, completando bodas de diamante em 2026.
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