Celebrar a farta colheita da uva, brindar a expressiva produção de vinhos e evidenciar a religiosidade do povo imigrante. Foi para atender a estes objetivos e reunir recursos para pagar as despesas da construção da nova Igreja Matriz São Marcos que o padre Pedro Piccoli sugeriu a realização de uma festa no distrito de Otávio Rocha.
A ideia era simples, as candidatas venderiam votos e a realização de almoços festivos também somaria recursos para pagar os investimentos da obra. Mal sabia o saudoso padre que estava criando uma tradição que, em sua 15ª edição, completará 60 anos em 2026.
Em seu livro “Torre centenária de Otávio Rocha”, o historiador Floriano Molon destaca que a festa de Otávio Rocha foi a segunda a ser realizado na região, ficando atrás apenas da tradicional Festa da Uva de Caxias do Sul. Afinal, a Festa do Vinho, de Bento Gonçalves e a própria Vindima, de Flores da Cunha, tiveram suas primeiras edições após 1967.
A iniciativa de Otávio Rocha em 1966 recebeu o nome de 1ª Festa Paroquial da Uva. Além do padre Piccoli, o evento tinha em sua comissão organizadora: Francisco Caldart, Alexandre Pedron, João Zilli e Constantino Tadiello.
A primeira corte
A corte da festa era formada por três princesas: Carmem Isabel Schio (representando Santa Justina), Edenir Scopel (capela São Luiz) e Elizabeta Molon (vila de Otávio Rocha). Foi coroada rainha Teresinha Slaviero (representante do Travessão Carvalho). A escolha ocorreu em 12 de fevereiro de 1966 no salão do clube de Otávio Rocha.
— Quando eles me convidaram, eu fiquei surpresa. Era o ano que eu ia começar a lecionar, tinha feito o concurso, passado, e logo me convidaram para participar. A comunidade me apoiou e eu fui. Só que, naquela época, a gente não era escolhida por júri, a gente tinha que vender os votos — lembra a princesa Edenir Caetana Scopel Zorzi.
A disputa foi acirrada entre Elizabeta e Teresinha, mas, Teresinha venceu por 226 mil votos contra 154 mil, e foi coroada pela rainha da Festa da Uva de Caxias do Sul, na época Sílvia Ana Celli.
— Lembro que tinha a primeira apuração e a gente podia vender mais votos ali para o público presente. Tínhamos, por exemplo, uma hora, meia hora para ir vender votos. Aí contavam novamente, anunciavam quanto a gente tinha ganho e realizavam a segunda apuração. Depois da segunda apuração, também deram algum prazo e fizeram uma terceira apuração, que era a última. Não podia, depois que tinha encerrado, ninguém mais contribuir — detalha Edenir, acrescentando:
— Quando fechou (as apurações) eles anunciaram em primeiro lugar a Teresinha, em segundo a Elizabeta, em terceiro a Carmem e eu fiquei em último. Mas, fiquei muito feliz! Essa foi uma experiência que, no momento, por causa da emoção, a gente não consegue valorizar. Depois, como passar do tempo, a gente percebe a importância. Foi uma honra, uma graça a gente poder participar e representar a comunidade da gente.
A 1ª Festa Paroquial da Uva foi realizada de 20 a 27 de fevereiro de 1966. Na manhã chuvosa do primeiro dia da festa, foi inaugurada a Igreja Matriz do terceiro distrito, a primeira em estilo moderno do interior do Rio Grande do Sul.
— De manhã teve missa, com uma celebração muito bonita, era a festa de inauguração da igreja. De tarde tinha a matinê, tinha o conjunto que tocava. E nós (corte) estávamos presentes sempre — recorda Edenir, com o mesmo carinho que lembra que, anos depois, sua sobrinha Caroline Scopel foi escolhida a rainha da Fecouva de 2009, perpetuando a tradição entre as diferentes gerações da família.
Segunda edição foi um sucesso e reuniu mais de 40 mil pessoas
Onze anos depois da primeira Festa Paroquial da Uva, em fevereiro de 1977, foi realizada a segunda edição do evento. Floriano Molon, em seu livro “Torre centenária de Otávio Rocha” destaca que a expressão “Paroquial” foi substituída por “Colonial”, o que consagraria a sigla Fecouva.
A mudança visava proporcionar uma maior abrangência ao evento que, desta vez, contou com um júri especializado para a escolha da corte, formada pela rainha Elizete Trentin e pelas princesas Salete Tomazzoni e Elida Grifante.
A comissão era composta por: Floriano e Dalva Molon (presidente), Francisco Caldart (vice-presidente), Theodoro Damin (2º vice-presidente), Nelcindo Manosso (3º vice-presidente), João Zilli (secretário) e Eurico Dani (tesoureiro).
A festa contou com a exposição de uvas e produtos agrícolas, localizada nas antigas instalações da cantina Slaviero, e o desfile de carros alegóricos emocionou os presentes. O evento foi um verdadeiro sucesso e reuniu mais de 40 mil pessoas em pleno interior. Uma receita de tradição que continua sendo seguida, mesmo seis décadas após a primeira festa.
Linha do tempo das cortes
- 1ª Festa Paroquial da Uva (1966): rainha Teresinha Slaviero, princesas Carmem Isabel Schio, Edenir Scopel e Elizabeta Molon.
- 2ª Festa Colonial da Uva (1977): rainha Elizete Trentin, princesas Salete Tomazzoni e Elida Grifante.
- 3ª Fecouva (1983): rainha Beatriz Molon, princesas Rosane Molon e Rosa Maria Panizzon.
- 4ª Fecouva (1986): rainha Raquel Dani, princesas Claudete Cambruzzi e Marilete Suzana Vizentin.
- 5ª Fecouva (1991): rainha Giovana Zilli, princesas Fabiana Araldi e Ivete Schio.
- 6ª Fecouva (1992): rainha Eliane Sandi, princesas Adriana Nesello e Silvana Sandi.
- 7ª Fecouva (1993): rainha Fernanda Vizentin, princesas Paula Sandi e Roberta Andreazza.
- 8ª Fecouva (1997): rainha Vanessa Zilli, princesas Daniele Tadiello, Luciana Bernardi e Maristela Stôcco.
- 9ª Fecouva (2001): rainha Íssia Benedetti, princesas Gabriela Slaviero e Kelly Galiotto.
- 10ª Fecouva (2005): rainha Daiane Casagranda, princesas Bruna Marzarotto e Rafaela Galiotto.
- 11ª Fecouva e 1ª Festa do Moranguinho (2009): rainha Caroline Scopel, princesas Camila Baggio e Aline Vanzin.
- 12ª Fecouva e 2ª Festa do Moranguinho (2013): rainha Tailine Bedin Molon, princesas Caren Luana Molon e Thaísa Scopel.
- 13ª Fecouva e 3ª Festa do Moranguinho (2017): rainha Evelyn Vizentin Marzarotto, princesas Ingrid Spuldaro Molon e Kellen Piroli Casagranda.
- 14ª Fecouva e 4ª Festa do Moranguinho (2022): rainha Marília Cagnin, princesas Andressa Manosso e Giovana Andreazza.
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