O que deve pesar mais na balança das prioridades de Nova Pádua: infraestrutura ou saúde pública? Essa foi a pergunta que emergiu durante a última sessão da Câmara de Vereadores. O que começou como uma apresentação técnica de dados fiscais logo se transformou em um debate sobre prioridades dos recursos do município, com vereadores apresentando visões divergentes sobre os rumos do Pequeno Paraíso Italiano.
A vereadora Giseli Boldrin Rossi (PP) foi a primeira a se manifestar. Em tom de alerta, ela chamou atenção para os números apresentados pelo secretário de Administração e Fazenda, Jorge Dal Bó, durante a audiência pública de avaliação das metas fiscais do último quadrimestre, realizada em 29 de setembro.
— Alguns números me chamaram a atenção. O que nos foi apresentado são dados de janeiro até 31 de agosto, uma vez que a avaliação é feita por quadrimestre. A receita total arrecadada foi de R$ 23,9 milhões, e as despesas empenhadas, de R$ 23,5 milhões. Restam apenas R$ 445 mil que ainda não estão empenhados — disse.
Diante do equilíbrio entre receitas e despesas, Giseli buscou entender se algum projeto de maior porte justificaria os valores empenhados até o momento. A resposta, segundo ela, trouxe ainda mais dúvidas.
— Eu até questionei se haveria alguma obra grande empenhada que estivesse inclusa nesse valor e a resposta foi que não. Faltam menos de três meses para acabar o ano e, de fato, não houve nenhuma obra grande realizada — continuou a líder da oposição.
A Progressista ressaltou, ainda, que, apesar do volume significativo de emendas parlamentares recebidas pelo município, a ausência de obras de grande impacto levanta questionamentos quanto à execução orçamentária.
— Ficamos preocupados porque foi um ano que entrou bastante emendas parlamentares, muitos desses recursos já foram empenhados, mas não há obras grandes — concluiu.
“Salvar uma vida tem o seu preço”
O debate tomou outro rumo com a fala do vereador Olimar Menegat (MDB), que trouxe à tona a importância da saúde pública como um dos principais focos para a destinação dos recursos do município. Ele destacou o aumento de acidentes no meio rural, especialmente durante o período de safra, e reforçou a necessidade de fortalecer o atendimento de emergência para salvar vidas.
— Um assunto que tem me causado preocupação é o alto número de acidentes por conta de máquinas agrícolas, principalmente nesta época do ano. Já tivemos mortes na nossa região e, nesta semana, houve um acidente gravíssimo na minha comunidade, o Travessão Curuzu. Sabemos que o tempo de socorro para uma pessoa que se acidenta é primordial, e vale salientar a luta da nova administração para contratar uma enfermeira para a ambulância, o que ajudou muito neste caso — afirmou o emedebista.
A declaração motivou a vereadora Luciane Toscan (PDT) a fazer um contraponto à fala da vereadora Giseli sobre as “grandes obras”. Para ela, o foco na saúde, especialmente no atendimento de emergência, é uma prioridade e é natural que boa parte dos recursos seja destinado à área.
— Vejo que alguns colegas estão preocupados com grandes obras, mas salvar uma vida tem o seu preço. O fato de estarmos conseguindo salvar vidas por termos uma enfermeira na ambulância é algo essencial para o município de Nova Pádua na área da saúde.
O assunto foi reforçado pelo líder do governo, Vivaldo Sonda (MDB), que defendeu as escolhas da atual gestão e afirmou que o plano de governo está sendo seguido com foco em saúde e atendimento básico à população.
— O que nós entendemos por grandes obras? Quando a administração atual assumiu, preocupou-se com um programa de governo e esse programa está sendo rigorosamente cumprido, com foco em médicos, enfermeiros… está se trabalhando, inclusive, para termos uma enfermeira também aos finais de semana. Às vezes, não serão 500 metros de asfalto que vão nos engrandecer, mas o que vamos destinar para a saúde — finalizou o vereador.