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“Eu fui o primeiro festeiro”, orgulha-se morador da capela Nossa Senhora de Fátima – Restinga

Mario Giachelin, 83 anos, dá sequência ao trabalho comunitário desenvolvido por seu pai, João Giachelin
Nome do pai de Mario consta na placa inaugural dos fundadores da capela (Foto: Karine Bergozza)

— Desde que foi fundada a comunidade, o único que sobrou até agora fui eu. Eu sou o mais antigo daqui — brinca Mario Giachelin, morador da comunidade Nossa Senhora de Fátima – Restinga.

Aos 83 anos, o aposentado tem orgulho de ter nascido, crescido e seguir morando na comunidade, cujo nome desperta a curiosidade de muitos florenses.

— Lembro que tinha um campo de futebol aqui e veio um time lá do Carmo jogar, passar o domingo. Nós erámos uma “filial” da comunidade de Santa Líbera. Aqui tinha uma casinha, um “bodeguinho” com meia dúzia de garrafas e eles tomaram tudo, secaram tudo. Depois, começaram a chamar a comunidade de “Restinga Seca”, e continuou, tanto que agora é conhecida por Restinga. Quando a gente fala que mora na Capela Nossa Senhora de Fátima as pessoas perguntam: “onde é que fica?”. Aí explicamos que é na Restinga e elas sabem — conta Giachelin.

Origem do nome à parte, o florense deixou gravada sua história na comunidade por meio da Vinícola Giachelin. Em atividade há mais de três décadas, o empreendimento, hoje, é comandado pelos filhos dele com Odali Bolzzoni Giachelin, 84, que também já colaborou bastante com a comunidade.

— Não sairia da Restinga. A gente está acostumado, nasceu e viveu a vida aqui. Aqui, desenvolveu bastante, era uma comunidade pobre, agora tem aviários e estão trabalhando com moranguinho também (além da uva), todo mundo tem condução, maquinário, melhorou bastante — destaca Mario Giachelin.

Por outro lado, o que gera insegurança aos olhos do aposentado é a continuidade da vida em comunidade.

— Hoje eu ajudo com alguma coisa só. Tem que deixar para os mais novos, eu já fiz a minha parte. Também teria que “puxar um pouco a rédea” para as pessoas ajudarem porque o pessoal está meio desanimado, não está tendo incentivo que nem uma vez. Antigamente tinha 10, 12 sócios e quando era fim do ano, não era difícil para encontrar a diretoria e nem o bodegueiro para fazer a festa. Agora, com 35 sócios, tem que rezar (para achar). Bodegueiro era fácil, agora tem que alugar a bodega. A juventude, ao invés de ficar aqui, começou a ir para a cidade e esquecer da capela, da comunidade… Tem poucos lugares que ainda funcionam que nem antigamente — lamenta Giachelin.

Essa realidade é sentida na festa em honra à Nossa Senhora de Fátima, que ocorre anualmente no segundo domingo de maio, Dia das Mães, o evento reúne cerca de 600 pessoas. Giachelin explica que mais pessoas teriam interesse em almoçar na festa, contudo a capela precisa “pegar gente de fora”, de outras comunidades, para auxiliar na hora de servir.

“Duas ou três festas foram embaixo da lona”

Com boa memória, Mario Giachelin guarda consigo uma série de histórias da comunidade. Uma delas é que a igreja foi fundada em 7 de maio de 1961 e uma das pessoas que ajudaram a erguer a edificação foi seu pai, João Giachelin, cujo nome consta na placa inaugural.

— Eu voltei do exército em março e em maio teve a inauguração da Igreja. Eu fui o primeiro festeiro. Antes disso, meu pai e os mais antigos daqui eram sócios da comunidade de Santa Líbera, só que era meio longe para ir lá, então resolveram fazer uma capela aqui, fundar uma comunidade.

Giachelin recorda que foram feitos três salões da comunidade até agora. No início foi erguida uma construção em madeira, anos depois foi construído um local um pouco maior e, mais tarde, em 1994, iniciaram as obras do atual salão, inaugurado em 1996.

— A primeira festa que fizemos ali nós fomos pedir emprestado para as comunidades (os talheres), nem salão nós tínhamos. Foi inaugurado (o salão) embaixo de uma lona! Duas ou três festas foram realizadas embaixo da lona.

Além de ter sido o primeiro festeiro, o morador exerceu as funções de fabriqueiro e bodegueiro por diversas vezes.

— Não é para me gabar, mas eu fiz alguma coisa para a capela aqui. Acho que nesses 64 anos (período que existe a comunidade), entre uma coisa e outra, mais de 35 anos me lembro que fiquei de fabriqueiro. Quando éramos da diretoria, tínhamos que limpar a igreja. Os filhos e a esposa ajudavam também para poder “tocar para frente”.

Giachelin participou de movimentos que contribuíram para a construção de uma nova estrada na localidade e possibilitaram a instalação de luz elétrica. Assim como seu xará, Mário Facchin da comunidade do Carmo, ele também reivindicou o direito do passe-livre do pedágio para os moradores.

— Conseguimos esse benefício, mas ia trocando a concessionária e eles tiravam, aí a gente ia atrás para conseguir de novo. Fui a Porto Alegre três ou quatro vezes!

O aposentado conta que o pedágio trouxe diversos transtornos para a comunidade. Desde 2023, com a transferência da praça de pedágio para Antônio Prado, Giachelin diz se sentir “aliviado”, tanto como morador quanto como empresário.

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