Quando o bairro União ainda era pequeno, com poucas casas espalhadas pela região, a Escola Municipal Tancredo de Almeida Neves já estava lá. Uma das principais referências educacionais da região, não apenas pela estrutura, mas pelo papel social que assumiu ao longo dos anos.
— A escola é uma referência para o bairro porque ela iniciou quando o bairro era muito pequeno. O engajamento da escola e comunidade é muito bom. Todos os anos, na sua proposta, a escola engaja as famílias nas atividades — conta a diretora, Ana Paula Zamboni Webber.
Hoje, com 320 estudantes matriculados, a escola vive uma nova fase: está em obras de ampliação para atender ainda melhor os 220 alunos que frequentam o turno integral. O prédio passa por reformas estruturais, com salas novas, banheiros, ampliação da cozinha e refeitório, além de um espaço mais adequado para professores. O objetivo é oferecer mais qualidade a quem passa o dia todo ali.
— Os alunos entram 8 horas da manhã, já fazem a primeira refeição. Eles têm um currículo próprio para o turno da manhã, onde almoçam na escola e à tarde eles têm um currículo específico. Esses alunos passam 8 horas de atendimento aqui na escola.
A escola de tempo integral virou uma resposta prática à rotina da maioria das famílias do bairro União, conhecidas pela luta diária. Os pais trabalham fora e isso faz com que a escola vá além do conteúdo curricular, assumindo um papel na formação de valores, disciplina e cuidado com o outro.
— Nós temos o nosso bairro com suas características, que são famílias trabalhadoras, onde os pais trabalham fora. O aluno passa uma parte importante na escola. O nosso maior desafio é este estudante ter um bom desenvolvimento no atitudinal. Desenvolver responsabilidade, desenvolver boa convivência entre colegas com respeito, frequentar as aulas. É esse trabalho conjunto na formação do atitudinal dos alunos que é o nosso maior desafio — avalia Ana Paula.
“A experiência foi muito positiva”
Em 2020, a instituição viveu uma experiência inédita: tornou-se a primeira escola municipal da Serra a adotar o modelo Cívico-Militar. A iniciativa durou dois anos e, segundo a direção, deixou marcas importantes no comportamento e na organização dos alunos. Mesmo com a saída do monitor militar, parte da metodologia continuou sendo aplicada.
— Nós iniciamos com essa proposta de ter o monitor presente na escola, trabalhando nesse aspecto de organização da escola (Cívico-Militar). Nós tivemos a experiência por dois anos, mas se percebeu uma mudança importante de comportamento… de organização dos alunos, de regramento. A experiência foi muito positiva, mas o monitor que trabalhava conosco acabou assumindo outra função, afinal ele era da reserva da Brigada Militar. Mas mesmo após a sua saída nós mantivemos todo o trabalho de liderança que era feito.
— Na prática, toda semana se escolhiam os xerifes das turmas para que pudessem conduzir os alunos quando eles se movimentavam dentro da escola, quando iam para o recreio ou para o lanche, para a organização da limpeza no final da aula. A gente manteve esse trabalho de liderança — completa.
Ana Paula acredita que o diferencial da Tancredo Neves está na construção de uma cultura de responsabilidade. Para ela, não existe milagre: é trabalho diário, repetido com paciência, entre equipe pedagógica, alunos e familiares.
— Além do trabalho da escola, a gente precisa da parceria dos pais. Porque a característica do local onde a escola está inserida, é de modo geral, um local onde os pais saem para trabalhar. Existe um trabalho de parceria muito forte entre família e escola, e há o entendimento de que é preciso trabalhar junto para superar esse desafio da formação dos alunos — finaliza.