Em outubro, uma profissional foi mordida enquanto entregava correspondências no bairro
O serviço de Correios não está passando na Rua das Palmeiras e na Rua das Cerejeiras, no bairro Pérola. O motivo seria o ataque de cachorros aos carteiros. A orientação dos Correios é que os moradores busquem as suas correspondências na agência da rua John Kennedy, no Centro.
O problema dos cachorros foi testemunhado por Noeli Sander, moradora há 24 anos na rua das Palmeiras.
— O Correio (carteiro) me falou que não vai mais entregar as cartas porque os cachorros avançam nele. Disse que precisa descer da moto e correr atrás dos cachorros que arrancam a botina dele. O carteiro até tenta entregar, mas quando chega na esquina e vê que tem cachorro na rua, ele não entrega — relata.
A outra via que parou de receber a visita dos carteiros é a rua das Cerejeiras, onde mora a aposentada Maria Pasquali, 67. Ela relata que precisa acompanhar os netos até a escola para não serem mordidos pelos cachorros que ficam soltos na rua.
— Meus netos tinham mostra científica e tivemos que dar a volta para eles poderem pegar o ônibus até a escola Leonel Brizola. Com os cachorros na rua não tem como. Eu preciso sair na rua com o cabo da vassoura junto. E o carteiro não veio mais. Aí nós vamos até os Correios (no Centro) buscar as correspondências — desabafa.
Morando há 28 anos na localidade, o presidente do bairro Pérola, Jair Moreira, concorda com a atitude dos carteiros de não entregarem as correspondências nas ruas em que os cachorros estão soltos.
— Eu também utilizo moto para trabalhar e sei que é ruim quando os cachorros avançam. Como representante do bairro sou a favor dos carteiros não fazerem esse serviço de entrega com os cachorros soltos. E particularmente também sou contra ter os bichos na rua. Mas não sou a favor de maltratar os bichos. Cada um que faça a sua parte — pontua Moreira.
Um dos cachorros que está sempre solto e avança nos carteiros é um vira-lata de pequeno porte. Na manhã de quarta-feira, o cachorro sem identificação podia ser vistoem frente a uma casa na rua das Palmeiras. Questionado, o proprietário da residência garante que o cachorro costuma ficar na calçada, mas que não é seu.
— O cachorro não é meu. Ele não tem dono. E não podemos maltratar o bichinho. Ele entra dentro de casa, mas eu não posso deixar ele ficar. Não tem espaço — afirma João da Silva, 77 anos.
O que diz os Correios
Em nota, os Correios informaram que uma funcionária foi mordida em outubro do ano passado. Confira a nota na íntegra.
A entrega de objetos postais foi temporariamente suspensa na rua Cerejeiras, do bairro Pérola, em Flores da Cunha, devido aos riscos de ataques de cães soltos na localidade. Em outubro de 2024 uma profissional sofreu ferimentos num incidente com os animais na região. Quando a situação for regularizada e não houver mais riscos à segurança dos carteiros e carteiras, a entrega em domicílio será retomada neste local. Por enquanto, os moradores podem ir buscar suas correspondências e encomendas na agência central de Flores da Cunha, que fica na rua John Kennedy, 2474, e funciona das 9h às 12h e das 13h às 16h.
A estatal promove ações educativas sobre prevenção de ataque canino e adota as providências necessárias em caso de acidentes com as equipes. Para preservar a integridade dos empregados, os Correios ainda precisam contar com o apoio da população e das autoridades responsáveis pelos animais em situação de rua. Ações simples dos tutores dos animais podem evitar acidentes, como manter o portão sempre fechado e o cão para o lado de dentro da residência, além de instalar caixa receptora de correspondências em local externo que o cão não consiga alcançar.