Uma nova voz em início de caminhada ao lado de um político da “velha guarda” disposto aproveitar a chance de novamente ser ouvido. Assim foi a estreia da nova bancada do PL em Flores da Cunha na sessão desta terça-feira (27). Vereador por dois mandatos da década de 1980, Oscar Francescatto retorna no lugar de Marcelo Golin, enquanto a suplente Sinara Paula Garbim assume o posto do vereador Horácio Rech. Ambos os parlamentares solicitaram a licença em razão de procedimentos médicos.
Sinara tem 48 anos e é professora, psicopedagoga e psicomotricista. Ela fez 346 votos nas eleições municipais de 2024 e ocupará o Legislativo até o dia 1º de julho — período de seis sessões ordinárias. Em sua estreia, Sinara pode utilizar a tribuna no grande expediente cedido pelo vereador Luizzão (Republicanos), que havia utilizado o tempo do vereador Rech na semana passada.
— Este momento marca um novo capítulo em minha trajetória de vida. Uma trajetória construída com trabalho, dedicação, amor pelas pessoas e profunda fé na força da coletividade. Sei que nenhum projeto é possível se não valorizarmos e protegermos as famílias da nossa comunidade. Elas são o alicerce de uma sociedade equilibrada, justa e humana — declarou Sinara.
A educadora contou sobre sua carreira e o aprendizado com as crianças, pais e professoras, incluindo sua passagem a frente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em Antônio Prado.
— Compreendi o valor de cada pessoa e a urgência de políticas públicas que olhem com responsabilidade, amor e visão de futuro. Trabalhar com as famílias me mostrou que toda ação pública deve ter o ser humano como centro. Ouvir uma mãe, acolher uma dúvida, orientar um pai, proteger uma criança… são atos pequenos que revelam o tamanho da responsabilidade que carrego agora como vereadora — prometeu Sinara, que ainda destacou o fato de ser uma segunda mulher no plenário, junto com a vereadora Silvana De Carli (PP).
“Vereador praticamente mudo”
Com a experiência de quem foi vereador entre 1983 e 1992, Francescatto se sente em casa no Legislativo. Sentimento já demonstrado logo no momento do juramento, onde “quebrou o protocolo” para agradecer sua família. Sua emoção ficou visível a tocos, uma postura sincera e cada vez mais rara no meio político.
Francescatto, que é corretor de imóveis e fez 367 votos nas eleições municipais de 2024, substituirá Golin até o dia 4 de julho. Sua postura é de aproveitar cada momento desta que pode ser sua “última dança”, afinal, aos 71 anos, Francescatto confidencia que sua família tenta o convencer a não se candidatar em 2028. Sendo assim, o suplente propôs mudanças no formato das sessões logo nesta sua volta, principalmente sobre o uso da tribuna, a qual não considera “muito democrática”.
— Sou da velha guarda e não quero perder essa essência. Não vejo essa tribuna como muito democrática. Para quem é suplente, ela é cruel. Por exemplo, hoje virei um vereador praticamente mudo. Eu queria fazer o uso da tribuna. Gostaria de descobrir quem foi o vereador que alterou. A tribuna tem que estar disponível para os vereadores. Que democracia é essa? Onde está a democracia? Se não posso usar a tribuna, não é a democracia. Gostaria que fosse estudado esse negócio de limitar. Para que ter pressa de terminar a sessão às 19h15min? Outra questão é do horário, 18h é dizer para o povo ficar em casa. Às 18h o povo ainda está na empresa com seu guarda-pó cheio de pó. Gostaria de dar uma revisada nesta questão. Deixar mais liberdade. Na nossa época, todos podiam usar. Hoje me sinto meio travado neste sentido. Quem sabe na próxima segunda-feira vou ter mais espaço para apresentar meus projetos — comparou.
