Denacir Guarese observa o riozinho que transbordou em Sete de Setembro. (Foto Karine Bergozza)
A liberdade de morar no interior e poder desfrutar de uma vida mais aconchegante e perto da natureza, somada a comodidade de estar a cerca de 10 minutos do centro de Flores da Cunha. São essas características que fazem com que Denacir Guarese, 61 anos, e a filha Mônica Guarese, 35, nem cogitem trocar a comunidade de Sete de Setembro.
Mônica é proprietária da academia Espaço Saúde, no bairro Aparecida, mas não abre mão de morar ao lado da mãe e proporcionar mais qualidade de vida às gêmeas, Sofia e Érica, de três anos.
As melhorias conquistadas ao longo dos anos — como o asfalto, há duas décadas — foram fundamentais para o crescimento da região que, hoje, abriga diversas empresas.
— O asfalto traz muita coisa boa, mas também tem a parte negativa. Tenho medo deste fluxo de caminhões, porque aumentou o número de empresas para cá, então o movimento de veículos é muito maior — constata Mônica, que costumava correr na região, mas optou por realizar a atividade na ciclovia da avenida 25 de Julho devido a este tráfego.
A filha de Denacir também frisa a necessidade de manutenção nos asfaltos construídos no interior, bem como a preocupação com a segurança dos que por ali circulam.
— Acho que tem que ter um cuidado maior para fazer um asfalto bom e com acostamento. Não precisa ser dos dois lados e nem ter uma ciclovia, mas com espaço. Como é interior, vai ter tratores e caminhões carregados que não conseguem parar tão fácil e isso precisa ser considerado. Os acessos também, não temos um acesso tranquilo. Se for atravessar lá embaixo na Lagoa Bela, tanto perto das garagens da prefeitura quanto aqui próximo ao Aquarius, nenhum é um acesso bom. Prova disso é que faleceram pessoas que eram da comunidade (em acidentes nestes pontos) — lamenta a empresária.
Mônica reforça a necessidade de colocar um quebra-molas em frente à Igreja e ao salão. Ela lembra que foi feita uma tentativa com tachões, mas falhou em razão das curvas acentuadas e a dificuldade dos caminhoneiros em desviarem dos tachões.
A mãe, Denacir, concorda e pontua que a própria Granja Elisabete, localizada ao lado de sua casa — o marido, Rudimar, é um dos quatro sócios —, registra um movimento muito maior de veículos com o passar dos tempos, o que também é reflexo do número de funcionários: 78 colaboradores.
Enchentes do rio preocupam
Outra reivindicação da comunidade, conforme Denacir, é a questão do riozinho que encheu com as chuvas por duas vezes no ano passado, transbordou e invadiu a casa de sua filha.
— O que eu percebi é que o rio ficou menos fundo e alargou. Até mandamos fotos para a prefeitura vir limpar, para tirar essas pedras e fazer uma análise da ponte, que é feita com taipa. Acredito que é uma coisa que dá para eles melhorarem, porque pode acontecer de cair a ponte, aí será muito pior para arrumar — sinaliza a fabriqueira.
Memórias
Denacir e Mônica lembram com carinho das transformações que aconteceram nas últimas décadas, infelizmente diminuindo as interações comunitárias.

Denacir Guarese é fabriqueira e lembra que a Igreja da comunidade vai completar 40 anos (Foto: Karine Bergozza)
— O que eu mais lembro de antigo aqui, até por ser mais nova, é de quando a Igreja foi pintada de outra cor. A gente também tinha a Escola São Domingos Sávio, eu estudei ali da primeira até a quinta série — recorda Mônica.
— A Igreja era de madeira, pequeninha. Nesse ano vai fazer 40 anos que temos a Igreja atual, de material. Também recordo do salão que foi feito, ele era pequeno e foi a sociedade que foi ampliando, com dinheiro das festas e doações — lembra Denacir.
A matriarca também menciona o Clube de Mães, do qual fazia parte, e que deixou saudade na comunidade há anos. O Clube de Jovens, do qual a filha foi diretora, por sua vez, deixou de existir após a pandemia. Hoje, o foco são as festas de Nossa Senhora das Dores — que dá nome à Igreja — e de Nossa Senhora da Saúde, realizadas em setembro e dezembro, respectivamente.
— Atuei na catequese por anos e entrei, no ano passado, como fabriqueira, onde somos em três casais. A comunidade tem uns 120 sócios, mas se for juntar a família de cada um dá, no mínimo, o dobro de participantes — revela Denacir.
Como fabriqueira, as principais funções dela e do marido estão relacionadas à manutenção e a limpeza do salão, além de auxiliar os casais de festeiros na organização dos eventos.
Ouvir a comunidade de Flores da Cunha, conhecer os aspectos positivos de cada bairro e comunidade, saber o que está bom e quais as principais demandas da população. O caderno Bairros e Comunidades volta a circular com esta missão: aproximar o jornal dos munícipes. A publicação será sempre na última edição de cada mês, para tal, o município foi dividido em 11 regiões.
Na estreia, os moradores de Sete de Setembro, Serra Negra e Lagoa Bela contam sobre as vantagens de morar em áreas mais afastadas do Centro da cidade. Orgulho comunitário que também se reflete nas demandas e cada morador relata as principais melhorias de infraestrutura que as localidades poderiam receber.
Leia as outras matérias do caderno:
- Travessão Sete de Setembro se mobiliza para manter o prédio da escola em funcionamento
- Comunidade de Serra Negra conta os dias para receber o asfalto
- Empresária reivindica mais atenção dos órgãos públicos para Serra Negra
- A fé que move a comunidade de Lagoa Bela
- Restaurante em Lagoa Bela aposta na conexão com a natureza
- Vinícola Cooperativa conta como é sua relação com Lagoa Bela