Entrar no universo das compras governamentais é como aprender uma nova língua. Há códigos, prazos e formalidades que, sem tradução, parecem indecifráveis. Para alguns empreendedores florenses, a segunda edição do Curso de Compras Governamentais foi justamente esse tradutor, abrindo caminhos para disputar contratos com o poder público e desmistificando um processo que parecia distante.
No caso de Antonieta Dani Cavalli, proprietária da D’Cavalli Sabores Coloniais, a oportunidade significou mais do que aumentar as vendas, foi a chance de dar visibilidade à produção artesanal feita pela família.
— Como agroindústria familiar, vimos no curso uma chance de conhecer um novo mercado e ampliar as nossas vendas. Fornecer para a Prefeitura e para outros órgãos é uma forma de levar nossos produtos artesanais a mais pessoas e valorizar a nossa produção — afirma a empreendedora.
Antonieta aprendeu que licitações não são exclusividade de grandes empresas. Antes do curso, ela acreditava que esse tipo de processo era restrito a companhias com grande estrutura administrativa e alto volume de produção, algo distante da realidade de um pequeno negócio de família. A participação na capacitação, contudo, mostrou que, com organização e atenção às exigências, até mesmo empreendedores de menor porte conseguem disputar e conquistar contratos públicos.
— Esse curso ofertado pela Prefeitura mostrou para nós que pequenas empresas também podem participar das licitações. As empresas precisam estar organizadas independentemente do seu porte. Nós aprendemos sobre etapas, prazos e documentos necessários, o que tornou o processo mais claro para a gente. É menos burocrático do que imaginávamos — completa.
O secretário de Administração e Governança, César Conz, avalia que aumentar a presença de empresas locais nas licitações é estratégico sob o ponto de vista econômico para a Terra do Galo.
— Em 2024, aproximadamente 25% do valor total licitado pela Prefeitura de Flores da Cunha foi contratado com empresas sediadas no município e com micro e pequenas empresas (MEIs) — revela.
“Nossa ideia é sempre oferecer nosso produto”
Para a auxiliar administrativa da AM Pré-moldados, Ana Paula Prodocimo, a capacitação representou um passo concreto para disputar um mercado que já despertava interesse há bastante tempo. Ela conta que, embora já tivesse ouvido falar em oportunidades de venda para o poder público, não tinha tanto conhecimento sobre as informações necessárias para entrar de vez nesse segmento. A possibilidade de aprender de forma guiada, com exemplos práticos e explicações detalhadas, foi determinante para dar o primeiro passo.
— A nossa empresa buscou a capacitação de compras governamentais para tentar vender ao poder público de forma mais tranquila e assertiva. Nossa ideia era conseguir entender o processo, buscar o máximo de informações necessárias, e poder fazer parte desse mercado que é tão competitivo. Sempre tivemos interesse em inserir nossa empresa nesse mercado, tanto que já participamos anteriormente de outras oportunidades de licitações — relata Ana Paula.
Durante os dois dias de aula, ela diz ter conseguido organizar mentalmente cada etapa e compreender com clareza os riscos de erros técnicos.
— Para mim todo conhecimento foi muito válido no curso. Consegui sanar muitas dúvidas do processo, do passo a passo a ser seguido. A capacitação me ajudou muito em todos os aspectos relacionados à licitação… como entender o processo, os prazos a serem cumpridos, documentações e certidões em geral com mais clareza e segurança — afirma.
No setor em que atua, a experiência acumulada já era ampla, mas o curso trouxe novas possibilidades de aplicação.
— A nossa empresa está no mercado, trabalhando com o ramo da construção civil há mais de 10 anos, atendendo loteamentos fechados, urbanizadoras, construtoras, inclusive prefeituras de vários municípios da região, e o consumidor final também faz parte da nossa carta de clientes. Nossa ideia é sempre oferecer nosso produto com compromisso e qualidade, e claro, se possível, contribuir para o desenvolvimento urbano e a melhoria da infraestrutura de Flores — completa Ana Paula.
