Rosangela de Fátima Pacheco da Silva vive há tantos anos em São Caetano que já perdeu as contas. Sua casa, ao lado da igreja e do salão da comunidade, sempre foi um ponto de encontro para vizinhos, amigos e familiares. Assim como outras famílias da região, ela vê a vida na comunidade como um misto de tradição, acolhimento e desafios.
A religiosidade segue presente no dia a dia dos moradores. As missas, realizadas sempre no primeiro domingo de cada mês, reúnem aqueles que mantêm viva a fé e a identidade da comunidade. Mas, além da devoção, o que marca São Caetano é a forte cultura de união entre os moradores, especialmente na manutenção do salão comunitário.
— A gente ajuda a cuidar de quase tudo aqui no salão. A gente limpa, cuida, até porque nossa casa é a mais próxima, né? — conta Rosangela.
Os eventos comunitários são frequentes: duas a três festas por mês movimentam o salão e reforçam os laços entre os moradores. Aos sábados, Rosangela e sua família ajudam a organizar tudo, desde a limpeza até a preparação dos alimentos para os almoços de domingo. Em troca, têm isenção do pagamento de água, luz e aluguel, um acordo que têm com os responsáveis pelo salão.
“A poeira é um problema grande para nós”
Apesar do forte senso de comunidade e da hospitalidade dos moradores, São Caetano enfrenta desafios estruturais. O principal deles, segundo Rosangela, é a falta de asfalto.
— A grande demanda aqui da comunidade é fazer o asfalto. Porque tem muito pó, vem muito pó pra dentro de casa. Aqui, das comunidades mais afastadas do centro, a nossa é uma das únicas que ainda não tem — pontua a moradora.
A poeira constante é um incômodo diário, especialmente para as famílias com crianças pequenas. Daiana Carlesso, filha de Rosangela, conta que o marido precisa limpar o assoalho várias vezes ao dia para evitar que suas filhas, Yasmin, de um ano, e Ana Júlia, de 10 meses, fiquem expostas à sujeira.
— Elas estão numa idade que ficam muito no chão, então a poeira é um problema grande para nós — reforça Daiana, que está grávida do terceiro filho.
Enquanto aguardam o asfalto, os moradores seguem mantendo viva a essência da comunidade: trabalho coletivo, fé e celebração das tradições. São Caetano se reinventa e continua a ser um lar para aqueles que fazem da comunidade um verdadeiro ponto de encontro.
O que diz a prefeitura:
A pavimentação da comunidade de São Caetano está prevista no orçamento municipal e será realizada em 2026, conforme a prefeitura de Flores da Cunha. Em nota, o Executivo argumenta que a definição das vias a serem asfaltadas segue critérios técnicos. Nas estradas do interior, além da mobilidade, são considerados fatores econômicos, como a produção agrícola, industrial e turística. Outro aspecto avaliado é a organização das comunidades em relação às contrapartidas necessárias para a execução das obras. Com a estruturação do Plano de Mobilidade, esses critérios serão ainda mais consolidados.