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Com custos de R$ 1,5 milhão por ano, APAE Flores de Cunha tem pedidos para expandir atendimentos

Quase 80% dos novos solicitantes têm autismo; repasses públicos ajudam, mas ainda não cobrem todas as necessidades

Quase 80% dos novos solicitantes têm autismo; repasses públicos ajudam, mas ainda não cobrem todas as necessidades

Neste início de ano, 18 novas famílias procuraram o apoio da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Flores da Cunha. Destas, 14 tem  integrantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A entidade  oferece atividades de inclusão social, educação e saúde. O orçamento anual ultrapassa R$ 1,5 milhão. Na semana passada, a prefeitura repassou R$ 696 mil para apoiar a APAE florense.

As atividades retornaram nesta quinta-feira (6). Sobre a procura deste início de ano, a diretora Maria Branchini aponta que o número de solicitantes com TEA cresce significativamente. 

— Hoje a nossa entidade atende 127 pessoas que utilizam todos os nossos serviços. Alguns da escola, outros dos serviços técnicos da área da saúde e da assistência social. Atendemos 45 crianças com TEA e mais pessoas estão nos procurando, mas nós temos um limite que precisa ser respeitado para não colocar a entidade em risco. E precisamos de mais investimento para ampliar os atendimentos — afirma Maria.

A entidade conta com um financiamento dividido entre diferentes fontes. O Termo de Fomento firmado com a prefeitura garantiu o repasse de R$ 696 mil. Já Nova Pádua, que tem 20 moradores atendidos na instituição, tem um repasse estimado de R$ 120 mil, mas que ainda não foi efetivado.

A secretária de Educação, Neide Sonda de Godoy, reforça a importância dos repasses para manter a qualidade do atendimento.

— A APAE desempenha um papel fundamental na inclusão social e no desenvolvimento integral de seus estudantes, proporcionando não apenas educação, mas também apoio multiprofissional. Esses atendimentos são indispensáveis para estimular a autonomia e a qualidade de vida dos estudantes, promovendo, assim, sua inserção na sociedade de forma digna e respeitosa — garante Neide.

A secretária enfatiza que o compromisso com a APAE reflete a responsabilidade social e a valorização da inclusão, assegurando que as pessoas com deficiência tenham seus direitos respeitados e suas necessidades atendidas. 

— O repasse de verbas é um investimento indispensável na promoção da equidade, garantindo que todos tenham acesso a uma educação especializada e de qualidade, promovendo e respeitando todas as formas de manifestação da vida.

Além desses recursos municipais, a APAE também recebe verbas estaduais e federais, como do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), totalizando aproximadamente R$ 1 milhão ao ano.

Apesar dos aportes municipais, estaduais e federais, a conta ainda não fecha. A APAE enfrenta dificuldades financeiras para cobrir todos os custos. A folha de pagamento mensal é de aproximadamente R$ 100 mil para 30 funcionários, que incluem psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, nutricionista e técnico de enfermagem.

Apesar dos desafios financeiros, a instituição continua sua missão e oferece iniciativas que estimulam o desenvolvimento dos alunos. Um destes projetos marcantes é o “Pais e Filhos”, que ocorre na piscina térmica da APAE. Voltado para crianças autistas, o projeto utiliza a água como uma ferramenta terapêutica, proporcionando um ambiente mais tranquilo e propício ao desenvolvimento.

Além da hidroterapia, a expressão artística também ocupa um papel essencial na entidade. O projeto “APAE em Cena” é um exemplo disso, proporcionando aos alunos a oportunidade de explorar a arte e a socialização.

Nicolas Zin, 29 anos, participa anualmente desta iniciativa e vivencia de perto essa experiência. Sua mãe, Solange Martins Zin, 62, relata como a APAE é fundamental no desenvolvimento do filho.

— O Nicolas teve muitas dificuldades motoras e de aprendizado. Desde muito pequeno, precisou de fisioterapia e fonoaudiologia. Começou na fisioterapia com dois meses de vida e, aos seis meses, já fazia acompanhamento com uma fonoaudióloga. Esses serviços foram essenciais para o desenvolvimento da coordenação e dos movimentos dele. Com o passar dos anos, outros atendimentos foram fundamentais, como a terapia ocupacional e as aulas, que ajudaram no aprendizado de números, letras e horários. Mas, sem dúvida, o que mais fez diferença foi a combinação da fisioterapia com projetos como o “APAE em Cena”. Essas iniciativas ajudaram muito na sua concentração, no desenvolvimento social e na sua independência — declara a mãe.

Espetáculo que une arte, solidariedade e inclusão, o APAE em Cena teve a sua 16ª edição no ano passado. É uma das iniciativas para arrecadar recursos para este custeio da APAE.

Doações espontâneas de pessoas físicas e jurídicas podem ser feitas pelo WhatsApp (54) 98432.8444.
 

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