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Coletivo Quitérias rompe o silêncio e fortalece a luta por equidade

Criado por mulheres com trajetórias diversas, o Coletivo atua no enfrentamento à desigualdade de gênero
Mulheres do Coletivo Quitérias unidas pela equidade e pelo fortalecimento da presença feminina (Foto: Divulgação)

Desigualdade de gênero não começa com um grito. Começa com o silêncio. Com a interrupção de uma fala, a divisão desigual das tarefas, a ausência da mulher em espaços de decisão. Cresce nas entrelinhas do cotidiano e se enraíza nas estruturas da sociedade.

Foi contra o silêncio que um grupo de mulheres de Flores da Cunha decidiu agir. E, dessa união, nasceu o Coletivo Quitérias, uma iniciativa que agora se fortalece, se formaliza e assume com clareza sua missão: combater injustiças, promover equidade e abrir caminhos para que mais mulheres possam ocupar os espaços de direito.

Para Nata Francisconi, conselheira fiscal do Coletivo, a formalização do grupo abre possibilidades de participação em políticas públicas e amplia o alcance das ações.

— Com a formalização do Coletivo Quitérias será possível desenvolver e apoiar projetos que estejam no rol de políticas públicas nas esferas municipal, estadual e federal — destaca.

Nata também fala sobre uma colaboração com o meio acadêmico que está em desenvolvimento e promete reforçar a comunicação do coletivo.

— Na área universitária, por exemplo, estamos participando de um projeto de conclusão de curso que desenvolverá um site customizado para as ações do Quitérias. Os detalhes do site ainda não podem ser divulgados devido ao caráter acadêmico do projeto — explica.

Uma das vozes mais atuantes dentro do coletivo, e eleita vice-presidente desta primeira diretoria formal, é a de Vanessa Vieira Costa. Ela trabalha em um laboratório de prótese dentária em Caxias do Sul, conciliando a rotina profissional com a vida familiar em Flores da Cunha e o compromisso com o Coletivo. Sua rotina, embora intensa, é também uma fonte de inspiração.

— Minha rotina é corrida, mas me possibilita observar pessoas durante o meu trajeto e que me despertam ideias num todo. Tenho um enteado de 13 anos, sou responsável legal pela minha mãe e auxilio meu pai nas demandas dele — conta.

Vanessa relata que sua decisão de integrar as Quitérias surgiu a partir de vivências culturais que a fizeram repensar o mundo ao seu redor.

— Fazer parte do Coletivo foi algo que eu sabia que precisava desde 2017, quando saí do meu meio de convívio e fui conhecer outras pessoas fora do meu núcleo. Pude expandir minha visão de mundo, mas isso só aconteceu porque me fiz disposta. As Quitérias têm sido uma realização pessoal — compartilha.

Ao falar sobre a proposta do Quitérias, ela enfatiza a união de propósitos e o desejo comum de mudança na cidade.

— O Coletivo se forma por mulheres com ideais muito semelhantes e vontade de fazer Flores da Cunha mais informada. Meninas e mulheres não devem mais passar por qualquer tipo de violência. E acreditamos que só conseguiremos evoluir nessa batalha se tivermos a escuta dos meninos e homens também — reforça.

“Estamos em processo reparatório histórico”

A vice-presidente do Quitérias acredita que o envolvimento com espaços públicos e instituições de ensino podem fortalecer ainda mais as ações do grupo.

— Somos uma entidade não governamental, mas acreditamos que espaços públicos cedidos para palestras e conversas seriam muito importantes. O apoio das escolas da nossa cidade, um diálogo aberto com psicólogos e diretores pode contribuir muito com nossas crianças e adolescentes — argumenta.

Para Vanessa, visibilidade e acolhimento são fundamentais para que o coletivo siga fazendo a diferença.

— Nossa proposta é clara, e para o bem comum. Mas, só se melhora a história passando por cima de preconceitos e enxergando ao redor, que ainda há estatística de violência contra mulher em Flores da Cunha. Isso agride a todas nós — argumenta Vanessa.

— Ainda estamos em processo reparatório histórico em relação às mulheres, e ao machismo no geral — conclui.

Na diretoria jurídica, a força voluntária somada para essa caminhada vem da advogada Rosicler Marcon.

— Tenho um filho de 6 anos, o que acaba por limitar o meu tempo, mas geralmente conseguimos conciliar as reuniões do Coletivo, nem que seja via on-line — conta.

Rosicler destaca que o feminismo é parte de sua trajetória pessoal e profissional, e que integrar o Coletivo é uma experiência de troca e apoio mútuo.

— O movimento feminista sempre esteve presente na minha vida e poder participar do Coletivo é uma satisfação, é uma troca de informações, de vivências, um acolhimento… em conjunto com mulheres que, de forma voluntária, buscam auxiliar outras mulheres em estado de necessidade.

Ela relembra sua formação e o impacto que a vivência como estagiária na Defensoria Pública teve em sua percepção de justiça social.

— Acredito que dentro do meu trabalho acaba tendo bastante essa questão de justiça social, em diversas formas. Quando estava cursando Direito trabalhei alguns anos como estagiária da Defensoria Pública, que foi uma verdadeira escola de humanidade e acabou me sensibilizando também pela questão de injustiça social — argumenta.

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