(Foto: Paola Castro)
Estamos vivendo ondas de calor caracterizadas por temperaturas extremamente altas, que superam os níveis esperados para uma determinada região e época do ano. Esses períodos de calor intenso podem durar dias ou semanas e são exacerbados pelo aquecimento global, que tem aumentado a frequência e a intensidade do calor em várias partes do mundo. Por isso, cabe algumas reflexões.
Já tínhamos vivenciado dias quentes no Rio Grande do Sul, de forma isolada. A situação nova são os períodos prolongados de calor. As causas são muitas, mas certamente as intervenções que estão sendo feitas na natureza têm resultado em situações menos normais, como excesso de chuvas, excesso de calor, ou seja, manifestações de desequilíbrio climático.
Nas áreas urbanas, as situações de calor têm sido agravadas. Tanto que em Porto Alegre, nesta semana, especialistas apontam que as soluções para diminuir a temperatura das cidades seriam a diminuição da quantidade de asfalto e o plantio de mais árvores nas ruas da cidade.
A questão não é ser contra ou a favor do asfalto. A questão é: temos ruas pavimentadas com paralelepípedos e que agora estão recebendo uma nova camada de asfalto. Com certeza, o asfalto é mais confortável para nossos automóveis e seus passageiros. E nossa pavimentação com paralelepípedos está desregular, devido aos frequentes consertos da rede hidráulica, cujos responsáveis pelas obras, não conseguem devolver à pavimentação com a mesma uniformidade anterior.
Outra consequência das pavimentações com asfalto é a perda de permeabilidade do solo. O acumulo da água das chuvas terá que ser suportado pela rede de escoamento pluvial que, pelo menos, está sendo reforçado nas ruas centrais.
As consequências já podem ser percebidas. Quem sabe no futuro outras soluções mais ecológicas sejam adotadas. A pavimentação com asfalto talvez seja mais econômica e rápida do que o conserto da pavimentação com pedras basálticas. O custo e a escassez de mão de obra especializada são fatores a considerar. Assim, desta maneira resolvemos a equação sob o ponto de vista econômico, mas ampliamos as consequências ambientais que resultam em aquecimento das cidades. É necessário avaliar os prós e os contras e buscar soluções mais abrangentes, que levem em consideração também os fatores ambientais, não apenas econômicos. A natureza tem respondido sistematicamente ao aquecimento global.
Há diversos exemplos de cidades que estão reduzindo a pavimentação com asfalto e substituindo áreas pavimentadas por áreas verdes.
Enquanto a onda de calor prossegue, é necessário que nos mantenhamos hidratados, para que o organismo não sofra. No Rio de Janeiro, a prefeitura tem disponibilizado diversos pontos de hidratação gratuita, principalmente no centro da cidade, onde circulam pessoas e formam-se ilhas de calor devido a alta concentração de concreto e asfalto. São problemas que precisam ser repensados pelos sistemas de gestão pública e pela sociedade.
Para o futuro, temos que pensar em cidades verdes e mais sustentáveis, projetadas com mais respeito ao meio ambiente. Isto vai resultar em melhoria da qualidade de vida da população.