Há exatos 10 anos, Flores da Cunha perdia uma de suas maiores referências esportivas. Marcos João Pivoto faleceu aos 41 anos, vítima de um câncer. Conhecido por sua serenidade dentro e fora das quadras, deixou um vazio difícil de ser preenchido. Sua ausência, contudo, não é capaz de apagar a marca que ele deixou no futebol amador e na formação de centenas de crianças e jovens que passaram por sua escolinha de futsal.
Hoje, uma década depois de sua precoce partida, seu nome segue vivo no coração de quem conviveu com ele — e também na principal estrutura esportiva do município: o Ginásio Poliesportivo Marcos João Pivoto, homenagem feita em 2016, na inauguração.
É ali que muitos dos seus antigos alunos, colegas e amigos ainda se encontram, agora apenas com a lembrança de seu sorriso calmo e sua voz sempre acolhedora.
Para a mãe de Marcos, Rita Pivoto, a lembrança do filho é carregada de orgulho e saudade.
— Era um guri calmo. Sempre demonstrou paixão pelo futebol. Quando fez vestibular, sugeri que escolhesse outra coisa que rendesse mais, mas ele me respondeu que faria aquilo que mais gostava — conta.
Esse amor pelo esporte não estava ligado à fama ou lucro. Marcos foi proprietário do Corujão, escola de formação de jogadores no bairro Aparecida. A mãe Rita é testemunha que, muitas vezes, como incentivo à prática, ele não cobrava nenhum valor dos jovens mais humildes.
— Se alguma criança não conseguia pagar a escolinha, ele não queria que deixasse de ir. Simplesmente não cobrava. Muitas vezes dava tênis, roupas… Todos os alunos amavam ele — recorda emocionada.
Marcos construiu sua trajetória como atleta e treinador desde muito jovem. O amigo de infância e companheiro de quadra, Gean Pereira, lembra que os dois se conheceram ainda na adolescência, aos 13 anos, na escolinha da prefeitura.
— Disputamos campeonatos regionais e até chegamos ao estadual. Marcos sempre foi muito tático, mesmo moleque. Tinha uma facilidade enorme para entender o jogo e bolar esquemas. Ele era tranquilo até nos momentos mais adversos. Ao invés de se desesperar, ele mantinha a calma e achava soluções — conta.
A notícia de sua morte foi tão inesperada quanto dolorosa. O amante do esporte faleceu após complicações de um câncer.
— Estávamos jogando, nos divertindo como sempre. Dias depois ele partiu… foi um choque. Mas tenho certeza que cada vez que alguém entra no ginásio, lembra dele. E isso já diz tudo — finaliza o amigo Gean.
O nome de Marcos Pivoto está gravado em troféus, nas prateleiras da família, nas memórias de quem aprendeu com ele, e principalmente nas paredes do ginásio que carrega seu nome. Seu legado, feito de dedicação, generosidade e amor pelo esporte, segue inspirando novas gerações.
Em 2016, um projeto de lei do Poder Executivo denominou o ginásio em homenagem a este homem que tanto se doou pelo esporte na Terra do Galo. Embora sua partida doa a amigos e familiares, a mãe, Dona Rita, gosta de lembrar uma das cenas mais marcantes do filho junto ao esporte.
— Ele ganhou um campeonato e o carro dos bombeiros foi buscá-lo lá na (Móveis) Florense. Desfilaram pela cidade e, chegando na quadra, ele foi carregado pelos pais. Só Deus para nos dar forças. Os dois filhos que ele deixou, Pedro e Marco, nos ajudam a amenizar a dor. Agradeço a Deus pelo filho que tive, embora por tão pouco tempo — destaca a mãe.
Dez anos se passaram, mas o legado de Marcos João Pivoto ainda é levado em cada chute, cada passe e cada sorriso nas quadras de Flores da Cunha. E assim continuará sendo.