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Drones monitoram infrações de trânsito nas rodovias, mas dividem opiniões

Tecnologia chega para reforçar a fiscalização, mas gera debate sobre sua eficácia e impacto no comportamento dos motoristas
Fiscalização com câmeras registra infrações para aumentar a segurança nas rodovias (Foto: PRF/Divulgação)

Na correria do trânsito, muitos motoristas podem não perceber, mas o céu tem ganhado um novo papel nas rodovias: o de fiscalizador. Com o avanço da tecnologia, drones começaram a ser utilizados para monitorar infrações de trânsito e a ERS-122, principalmente no trecho entre Antônio Prado e Flores da Cunha, é um dos pontos onde essa ferramenta está sendo utilizada.

O uso, contudo, desperta opiniões: enquanto alguns destacam os ganhos em segurança, outros questionam o caráter punitivo da medida. No último 23 de abril, uma operação de fiscalização realizada pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), 23 motoristas foram autuados por ultrapassagens proibidas, todas registradas por drones.

Comandante do Grupo Rodoviário de Farroupilha, o tenente Marcelo Stassak afirma que o papel dos drones é auxiliar a atuação policial em locais de difícil acesso:

— Os drones servem de apoio através de imagens para que o policial observe o comportamento dos condutores em determinado ponto, onde as características da rodovia não permitem a presença física. A autuação por imagens em fiscalizações por câmeras encontra amparo na resolução nº 909/2022 do Contran — explica Stassak.

A recente resolução regulamentou o uso de videomonitoramento na fiscalização de trânsito, permitindo que agentes autuem motoristas com base em imagens captadas por câmeras ou drones, desde que a via esteja sinalizada para esse tipo de fiscalização e o registro da infração seja identificado no auto de infração.

Apesar da sofisticação do recurso, a atuação dos policiais ainda é essencial.

— A autuação é realizada por meio de abordagem direta ao infrator e confecção do auto de infração. O nosso 2º Pelotão ainda não conta com aparelho próprio para utilização, alguns aparelhos existentes possuem essa capacidade, contudo, como a autuação se dá por abordagem direta do agente, basta a visualização da imagem por um policial e o fornecimento das características do veículo e da infração cometida para justificar a abordagem e a multa — complementa Stassak.

Multa remota e o exemplo de outros estados

A dúvida que surge entre os motoristas é: se um drone flagrar uma infração, ele pode aplicar a multa? Por enquanto, a resposta é não. Os drones não aplicam a penalidade no momento do flagrante.

O que o equipamento faz é filmar a infração, que posteriormente é analisada pelos agentes de trânsito. A multa é enviada ao motorista infrator por meio de notificação.

Esse modelo tem gerado resultados satisfatórios, não só pela precisão com que as infrações são identificadas, mas pela segurança dos policiais. Como as abordagens nem sempre são feitas no momento da infração, o trabalho dos drones evita que motoristas sejam parados em pontos perigosos das estradas.

Conforme o tenente Stassak, o momento ainda é de desenvolvimento e adaptação:

— Ainda estamos em momento de estudos e testagens, porém, é uma necessidade que precisamos sanar em curto espaço de tempo. A utilização de tecnologia é necessária para fazer frente aos sinistros oriundos de irregularidades que ocorrem nas rodovias. Não é a eficácia que estamos estudando, e sim o aprimoramento do combate a irregularidades com a utilização de tecnologia — ressalta.

Em estados como Minas Gerais e Santa Catarina, drones também já são utilizados para fiscalizar o uso de celular ao volante, falta de cinto de segurança e ultrapassagens irregulares.

Tema é polêmico entre motoristas

Para quem vive o dia a dia na estrada, a novidade divide opiniões. Robson Costa, 40 anos, caminhoneiro que reside em Caxias do Sul, costuma transportar alimentos entre o Rio Grande do Sul e o Paraná e passa com frequência pela ERS-122. Ele vê com bons olhos o uso de drones pelas forças de segurança.

— Considero positivo, principalmente em locais mais remotos, o uso de drones pode ser muito útil. Seria interessante que não sirvam apenas para aplicar multas, mas também para ajudar na identificação de acidentes e agilizar o acionamento de serviços de emergência, como os bombeiros ou o SAMU — comenta.

Segundo Costa, os drones também têm um efeito comportamental importante.

— De certa forma, os drones acabam intimidando, e isso não é algo necessariamente ruim. Quando o motorista sabe que está sendo filmado, ele tende a redobrar a atenção e naturalmente pisar no freio — opina.

Eugênio Silva Santos, 61, que trabalha com fretes, tem uma visão diferente. Ele teme que o uso dos drones reforçe “um caráter punitivista” da fiscalização nas estradas.

— Já pagamos tantas taxas no estado. As multas, na minha opinião, também são excessivas. Acho que os drones serão apenas mais uma forma de multar os motoristas. É claro que há motoristas imprudentes, mas também existem muitos trabalhadores que, às vezes, precisam acelerar para entregar as mercadorias dentro do prazo e acabam sendo multados e levando pontos na carteira — opina.

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