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Flores da Cunha precisa de uma rodoviária? Questão volta à pauta com olhares voltados à mobilidade e infraestrutura

Desde o fim da concessão em 2016, a cidade busca alternativas para atender à demanda do transporte intermunicipal
Embarque e desembarque de passageiros ocorre em frente à loja Casa do Pano (Foto: Klisman Oliveira)

Flores da Cunha precisa de uma rodoviária? Esta é uma pergunta que volta e meia é feita desde 2016, quando foi entregue a concessão da Aldino Francescato e Cia Ltda, que por 20 anos foi responsável pela administração da estação florense. De lá para cá, a Terra do Galo não tem uma referência estruturada no transporte intermunicipal.

A decisão de repassar a concessão foi motivada pela falta de viabilidade financeira e resultou em mudanças no sistema de vendas. Como consequência, as passagens passaram a ser comercializadas por Elaine Ferreira, proprietária da Casa do Pano, uma loja de utilidades domésticas.

— Faz dois anos e três meses que estamos aqui (ao lado da antiga rodoviária, na avenida 25 de Julho). Tudo começou com uma conversa informal que tivemos com uma das atendentes da Caxiense. A prefeitura abriu um edital para empresas interessadas em participar da licitação para termos a rodoviária em Flores da Cunha, mas o valor inicial era muito alto e ninguém teve interesse em assumir a concessão — detalha a empresária.

Aldino Francescatto, que foi responsável pela concessão até 2016, revela uma decepção pessoal com a falta de apoio das administrações durante sua gestão. Ele afirma que, apesar de sua longa trajetória no município, nunca recebeu a atenção necessária das autoridades.

— Na ocasião, o que me magoou foi a prefeitura nunca sequer ter entrado em contato. Saíram vários prefeitos, e eu não vou citar o nome de nenhum, porque todos foram meus amigos. Mas, nenhum prefeito, nenhum vereador, nenhum presidente da Câmara, nenhum vice-prefeito ou secretário me procurou para saber o que estava acontecendo com a rodoviária — aponta.

Além disso, Francescatto menciona as mudanças no sistema de vendas de passagens, que também contribuíram para o impacto na operação da rodoviária. O sistema de cartões nos ônibus afetou diretamente o fluxo de passageiros, resultando em menos vendas de passagens diretas na estação.

— O que agravou o problema da rodoviária foi o sistema que as empresas adotaram, de ter o cartão no ônibus. O pessoal não vinha mais comprar passagem com a gente. Também tínhamos todos os estudantes (não existia o cartão de estudante). Hoje, ter uma rodoviária só para o pessoal que vem ali pegar um ônibus até Caxias, não é viável — opina.

Visão de quem está na estrada

Quem também acompanha de perto a rotina de embarques e desembarques na cidade é Ivanir Negrini, 62, que é motorista da Expresso Caxiense há 17 anos. Ele acredita que a presença de uma rodoviária seria vantajosa pela melhoria da infraestrutura.

— Além de resgatar a tradição, um terminal proporciona um ponto fixo e mais estruturado, com banheiros e um espaço com assentos para aguardar o ônibus — opina.

Para além do conforto ao passageiro, Negrini não vê outras melhorias ao serviço.

— Para os motoristas, a ausência de uma rodoviária não interfere tanto. Os veículos saem da garagem poucos minutos antes do horário previsto e o embarque e desembarque é rápido. Temos um local reservado para essa finalidade que fica na frente do estabelecimento parceiro da Caxiense. Isso garante a fluidez do trânsito — avalia Ivanir.

“É um ponto de embarque, não uma rodoviária”

Por um período, a venda das passagens ocorreu na Rua Júlio de Castilhos, próxima à Praça do Imigrante, o que causou insatisfação na comunidade por ser uma área considerada afastada do Centro. A reivindicação popular foi para trazer o ponto de volta às proximidades da avenida 25 de Julho.

— Tivemos uma conversa com a prefeitura, tanto nós quanto a Caxiense, e também com os moradores, que não queriam que fosse lá (no antigo endereço).Tinha essa sala vaga (na avenida), então entramos em contato com a imobiliária e foi feito um contrato entre nós, a Caxiense e a imobiliária. A prefeitura aceitou que voltássemos e que os ônibus circulassem no centro da cidade — lembra Elaine.

A falta de uma rodoviária e as adaptações feitas nos pontos de embarque, desde que Aldino entregou a concessão, geraram incertezas aos usuários. Hoje, as passagens são adquiridas na loja de Elaine, e o embarque ocorre em frente ao seu comércio.

— É importante frisar que aqui é um ponto de embarque, e não uma rodoviária. É praticamente a mesma coisa que uma parada. A única diferença é que temos uma estrutura física para a venda das passagens, caso contrário, poderia ser considerado apenas uma parada. Oferecemos uma quantidade limitada de assentos, mas oferecemos. Além disso, proporcionamos uma estrutura para que os passageiros aguardem o horário de embarque e também fornecemos informações sobre horários, itinerários e locais de parada — explica.

Reclamações

Elaine testemunha os problemas e ouve reclamações da comunidade sobre a falta de infraestrutura que uma rodoviária poderia oferecer.

— A dificuldade maior ocorre no inverno, principalmente devido às chuvas, já que não há um local coberto adequado para embarque e desembarque e os ônibus acabam parando na rua. Embora isso não seja responsabilidade nossa, seria válido conversar sobre a possibilidade de apoiar a implementação de uma rodoviária, ou até mesmo contribuir de alguma forma — sugere Elaine.

O ex-administrador destaca ainda um equívoco comum da população sobre a gestão da rodoviária. Muitas pessoas ainda acreditam que a responsabilidade pela estação é da prefeitura, o que, segundo ele, gera mal-entendidos.

— O povo acha que a rodoviária é da prefeitura. Um dia, tentei explicar para algumas pessoas que estavam reclamando do serviço, e eles disseram: “Ah, vá lá, quem manda aqui é a prefeitura. Vou reclamar com o prefeito”. Mas não tem nada a ver, é uma empresa como qualquer outra. Então, eu tenho que assumir a responsabilidade pelo meu negócio — reflete Francescatto.

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