Nascido no Pequeno Paraíso Italiano e formado em técnico contábil, André Tonet, 42 anos, percebeu que o ramo dos números não era para ele e, em 2005, resolveu continuar o que sua avó, Angelina, começou há muitos anos: fazer vinho. Ele cursou Enologia e descobriu nas suas origens o amor pelo cultivo da fruta e a vinificação.
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“No início tínhamos apenas os vinhedos. Hoje temos cinco hectares de parreiras, divididos entre Chardonnay e Pinot Noir. Neste ano teremos também a primeira safra de Petit Verdot e estamos plantando mais duas variedades: Malbec e Montepulciano”, destaca Tonet, que ainda projeta a plantação de Tannat.
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O enólogo ressalta que a plantação de uvas viníferas ainda é pequena na região e que muitas vinícolas estão buscando essas variedades, se tornando um desafio. “Muitos ainda querem produzir quantidade. Com as uvas viníferas produzo uma média de seis toneladas por hectare, mas é mais rápido na poda e na colheita”, relata o produtor que recebe em torno de R$ 6 ao quilo – a média por hectare de uvas comum é de 20 toneladas. “Acho que a questão ainda é muito cultural”, relata Tonet sobre a plantação de uvas comum.
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Conforme o enólogo, a vinícola começou em meados de 2009, mas foi em 2014, após diversas mudanças, que a Cave Angelina se consagrou no município de Nova Pádua. “Começamos com vinhos de mesa com uma quantidade insignificante e não estávamos conseguindo agregar valor. Então, após passarmos por muitas dificuldades, em 2014 retornarmos com mudanças radicais”, relembra. Hoje, integrante da Apromontes, a vinícola produz 25 mil garrafas ao ano, mas vê uma expansão para 2022, além de estar integrando a parte turística de Nova Pádua. “Estamos construindo um deck, vamos ter mesas para as pessoas desfrutarem os vinhos e as belas paisagens”, conta a esposa de André, Francine Maria Tecchio Tonet, 36 anos, que também é enóloga.
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O casal reitera que a vinícola é pequena e que a ideia é manter o atendimento para pequenos grupos. “Preferimos manter um pequeno espaço, mas bastante aconchegante. Atendemos casais, amigos, sempre com agendamento. Fizemos algo mais personalizado para cada grupo de pessoas”.
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Do amor de seus avós pela uva e pelo vinho, a Cave Angelina homenageia eles. Através do nome e da data: Angelina e 1931 – data do primeiro parreiral plantado por seu avô na propriedade. Este foi renovado em 2012. “A história começa ali”, enfatiza André Tonet. Já a marca da Cave Angelina, Domans, vem de Dom Antônio.
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Dentre as diversidades de vinhos produzidos pelo casal, o Cabernet Frank é um dos mais vendidos – inclusive para quem deseja experimentar é preciso esperar a próxima remessa, já que todas as garrafas foram vendidas. Outras opções são o Merlot, no vinho tinto, e o Chardonnay, nos brancos, além de um rosé. “Nosso rosé está espetacular”, revela o enólogo. A Cave Angelina ainda conta no seu portfólio com dois espumantes feitos através do método tradicional – fermentação na garrafa – além do lançamento de um espumante natura com 36 meses.
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Um Chardonnay com o IP Altos Montes (indicação de procedência) será lançado no final do ano, como a linha reserva, com vinhos tintos mais envelhecidos, que será comercializado a partir de 2022.
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Com todas essas novidades e uma nova safra chegando, a previsão para os próximos anos são de ótimos vinhos. “Nos últimos anos o clima foi bastante generoso, tirando o ano de 2019 que tivemos a chuva de pedra. A safra 2018 foi uma bela safra. A de 2019 teve a chuva, 2020 foi a safra das safras, e 2021 foi uma safra muito boa. Para mim, os brancos e os base estão melhores do que os de 2020. E esse ano tem previsão de seca de novo, a la niña. O setor dos grãos chora, mas da uva comemora. A não ser pra quem gosta de fazer peso. Para as viníferas é excelente”, encerra Tonet.
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