Os primeiros eleitos para a administração de Nova Pádua (Foto: Arquivo pessoal)
A história da emancipação de Nova Pádua se confunde com a trajetória de líderes que acreditaram no potencial do município. Um desses personagens é Ivan Menegat, que integrou a comissão emancipadora e foi eleito o primeiro vice-prefeito do Pequeno Paraíso Italiano, em 1992.
— Na época, a principal pessoa a querer a emancipação de Nova Pádua era o prefeito de Flores da Cunha, Alberto de Oliveira, e seu vice, Odir Boniatti, que foi o principal líder da comissão de emancipação. Esse movimento foi apoiado pelos quatro vereadores que representavam Nova Pádua na Câmara de Flores: Nivaldo Marin, Ivo Sonda, Nestor Boniatti e eu, que assumi, posteriormente, a vaga. Nova Pádua era uma comunidade muito coesa na questão política — relembra Menegat.
A ideia de emancipação surgiu em um contexto favorável, no qual a legislação permitia que municípios menores conquistassem sua independência administrativa. O grupo emancipador via nesse processo uma oportunidade única para o desenvolvimento de Nova Pádua.
— Um dos principais motivos para a emancipação era a oportunidade que tínhamos. Meu pai me dizia que “o cavalinho passa somente uma vez encilhado, temos que agarrar a oportunidade”. A lei de emancipações favorecia que comunidades menores conseguissem sua independência. Buscamos informações com municípios recém-emancipados, como Nova Roma do Sul e Ipê, para entender melhor a realidade deles. Nos passaram informações muito positivas, principalmente sobre a chegada de recursos, que permitiriam o desenvolvimento tanto da cidade quanto do interior — destaca.
A Assembleia Legislativa deu aval para que Nova Pádua iniciasse o processo, e coube ao Estado marcar a data do plebiscito (10 de novembro de 1991). Diferente de outros municípios, Nova Pádua viveu uma disputa interna.
— Nova Pádua teve uma exceção: existia a comissão do “sim” e também a comissão contrária à emancipação, liderada pelo Travessão Alfredo Chaves. Nós, que defendíamos a emancipação, passamos pelas comunidades conversando com os paduenses e mostrando que, caso votassem “sim”, os recursos que chegariam ao município seriam muito importantes para áreas como saúde, educação e infraestrutura. Já a chapa contrária argumentava que não era o momento político adequado — conta.
A primeira eleição
Com a vitória no plebiscito, um novo desafio surgiu: a primeira eleição municipal. Inicialmente, houve a tentativa de formar uma candidatura única para evitar disputas internas, mas o processo acabou tomando outro rumo.
— O Odir (Boniatti) cogitou a ideia de um candidato único para evitar conflitos na primeira administração, mas o nosso partido, o PDT, não achou interessante. Coube a nós indicar um candidato a prefeito e quebrar essa ideia de candidatura única. Lançamos o Dorvalino Pan como candidato a prefeito e eu entrei como vice (contra Odir Boniatti e João Sonda). Vencemos aquela eleição por uma margem pequena, pouco menos de 50 votos.
A posse aconteceu no início de 1993 e o novo governo começou praticamente do zero, sem estrutura administrativa ou orçamento disponível.
— A partir do dia 2 de janeiro, começamos a nos cercar de bons colaboradores para ajudar na administração. Esse dia ficou muito marcado na minha mente porque não tínhamos onde sentar, não tínhamos uma mesa, sequer uma caneta, pois ainda não havia orçamento disponível. Tudo precisaria ser feito para que o município começasse a funcionar. A partir disso, tivemos que enviar o orçamento para a Câmara para estruturar a administração, definir cargos de secretários… tudo do zero.
O desafio era garantir condições mínimas de funcionamento. Uma das primeiras conquistas foi a negociação com Flores da Cunha para dividir o maquinário municipal.
— Isso foi essencial para manter nossas estradas e realizar obras. Nos meses seguintes, a população começou a sentir a evolução do município em todas as áreas. Com pouco tempo, ficou evidente que a emancipação foi valiosa e que havia chegado no momento certo.
Ao olhar para trás, o primeiro vice-prefeito fala com orgulho:
— Ser paduense é lutar pelos seus ideais, é buscar o melhor para o seu município. Me orgulho muito de ter feito parte dessa história. Sei que cada administração contribuiu para chegarmos ao estágio atual. Temos uma qualidade de vida muito boa, e não sou eu que digo, os números mostram isso. Lá atrás, sempre soubemos que isso seria possível. Tanto nós quanto os que nos sucederam deram seu máximo para que, hoje, possamos dizer que valeu muito a pena — finaliza.