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Banda Florentina celebra 60 anos com tributo à música negra e shows acessíveis em Flores da Cunha

Projeto financiado pela Lei Aldir Blanc reuniu arte, inclusão e representatividade em apresentações que conectaram gerações e democratizaram o acesso à cultura.
(Foto: Álan Novello/Divulgação)

A história de Flores da Cunha tem trilha sonora e, por seis décadas, ela ecoa dos instrumentos da Banda Florentina. Para marcar essa trajetória, o projeto “Banda Florentina 60 Anos – Tributo à Música Negra” promoveu dois espetáculos gratuitos e acessíveis, que uniram celebração, memória e representatividade.

As apresentações ocorreram nos dias 11 e 15 de outubro, nas escolas Leonel Brizola e Tancredo Neves, que ficam em bairros com maior vulnerabilidade social. O repertório reverenciou gêneros como jazz, blues, soul e samba, em arranjos inéditos preparados especialmente para o projeto.

— A música negra é a base de quase tudo o que ouvimos hoje. Homenagear esses ritmos é também reconhecer a história, a resistência e a beleza de uma cultura que transformou o mundo. É por isso que esse projeto tem tanto significado — destaca Felipe Corso, guitarrista da banda e coordenador do projeto.

Acessibilidade em primeiro plano

O Tributo à Música Negra foi planejado para ser vivido por todos. As apresentações contaram com intérprete de Libras no centro do palco, audiodescrição dos materiais, rampas de acesso, sinalizações inclusivas e vagas para pessoas com mobilidade reduzida. A divulgação também foi pensada para alcançar diversos públicos, com materiais adaptados, QR Codes acessíveis e uso de diferentes mídias.
A iniciativa buscou democratizar o acesso à arte e formar novos públicos, com um olhar atento à diversidade e à inclusão.

— São mais de 20 profissionais envolvidos diretamente no projeto, todos ligados à cultura: músicos, técnicos, intérpretes, empresas locais. É uma forma de mostrar que a arte também movimenta a economia e transforma vidas, principalmente em tempos difíceis como os que vivemos — ressalta Felipe.

Um projeto que inspira

O Tributo à Música Negra impactou diretamente mais de 300 pessoas, entre estudantes, professores, músicos, técnicos e público. Mais do que celebrar a trajetória da banda, o projeto mostrou que é possível unir cultura, inclusão, acessibilidade e educação em uma só ação, deixando um legado que vai muito além dos aplausos. Com 60 anos de estrada, a Banda Florentina segue sendo patrimônio vivo da cidade, conectando gerações e transformando realidades por meio da arte.

Como parte do espetáculo, o projeto realizou ensaios abertos em escolas públicas, que também funcionaram como apresentações para os estudantes. A ideia foi aproximar os jovens da música instrumental e mostrar como a arte pode ser acessível e transformadora.

— Estar nas escolas é uma das partes mais importantes. Quando tocamos em uma sala cheia de jovens que talvez nunca tenham visto uma banda ao vivo, a gente planta uma semente. É ali que novos músicos e novos públicos começam a nascer — comenta o coordenador.

Esses momentos deixaram marcas nas instituições, professores e alunos, proporcionando experiências sensoriais, educativas e afetivas com a música e seus significados culturais.

Um legado florense

Fundada em 7 de setembro de 1964, a Banda Florentina nasceu do desejo de manter viva a tradição musical da região, após o encerramento da antiga Banda Giuseppe Garibaldi, ativa desde os anos 1880. Criada por percussionistas da Escola São José, sob a orientação da professora Nair Ferreira, a nova formação se tornou, ao longo das décadas, referência em eventos locais, estaduais e nacionais.
Com destaque especial para o ano de 1976, quando foi eleita a Melhor Banda do Rio Grande do Sul, a Florentina também levou o nome da cidade a estados como Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Hoje, com 14 integrantes que representam tanto a velha guarda quanto a nova geração, a banda mantém viva sua essência com instrumentos de sopro, percussão e cordas sempre aberta ao diálogo entre tradição e inovação.

Cultura, lei e comunidade

O projeto “Banda Florentina 60 Anos – Tributo à Música Negra” foi financiado pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), evidenciando o compromisso com o fortalecimento da cultura e da arte como instrumentos de inclusão e transformação social. A iniciativa mostrou que é possível integrar música, educação e acessibilidade em uma ação que envolveu toda a comunidade.

A execução do projeto também destacou a relevância da produção cultural da região e a valorização de artistas e profissionais florenses.

A equipe contou com musicistas mulheres, em homenagem às grandes divas da música negra, promovendo representatividade de gênero e fortalecendo a presença feminina no cenário musical.
Ao integrar acessibilidade, inclusão e representatividade, a Banda Florentina mostra que a cultura pode ser um motor de mudança, inspirando jovens e adultos a valorizarem suas raízes e abraçarem a diversidade. Essa missão, que vem sendo cumprida há seis décadas, mantém viva a chama da música instrumental na cidade e reafirma o compromisso de promover uma cultura cada vez mais plural e acolhedora.

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