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Circuito de Música e Poesia leva arte, acessibilidade e empatia a alunos de Flores da Cunha

Projeto impactou 300 estudantes com oficinas culturais que integraram música, poesia e inclusão em duas escolas da Terra do Galo
(Foto: Divulgação)

Existe algo mágico no momento em que uma criança ou adolescente ouve, pela primeira vez, uma música que a representa. Ou quando vê alguém declamando poesia. Foi isso que o Circuito de Música e Poesia nas Escolas levou, em um único dia, a estudantes de Flores da Cunha.

A iniciativa ocupou salas e pátios na última segunda-feira (13), com 10 períodos culturais divididos entre a Escola Benjamin Constant e a Escola Antônio Soldatelli, nos turnos da manhã e da tarde. A programação uniu música instrumental, poesia, acessibilidade e atividades pedagógicas voltadas à valorização da cultura brasileira, afro-brasileira e regional.

No centro do projeto, dois pilares sustentam tudo: a acessibilidade e o pertencimento. Não foi apenas sobre ouvir ou assistir, mas sobre sentir, refletir e participar.

— Este foi um dos melhores momentos, pois a gente passa a respeitar, entender a pessoa que possui alguma deficiência. Ela é igual a qualquer um de nós, pois todos temos alguma deficiência, além de mostrar a perseverança de querer crescer, por mais que a pessoa possua deficiência — destaca Felipe Corso, idealizador do projeto.

Cultura que educa, arte que transforma

Música e poesia são ferramentas que tocam antes de ensinar e, neste projeto, o toque vem acompanhado de significado; estudantes experimentaram simulações de deficiência visual e motora, aprenderam sobre a Língua Brasileira de Sinais e participaram de momentos de escuta, com repertórios pensados para despertar a curiosidade e a reflexão.

— O projeto foi pensado de duas formas: algo mais lúdico para que pudesse trazer a atenção e conexão com o aluno e, em seguida, apresentado algo que sugere mais atenção e curiosidade, para que os alunos pensem e reflitam e não encarem as oficinas como apenas um show de arte e cultura, mas uma provocação saudável — explica Felipe.

Cada detalhe do Circuito foi planejado com cuidado: intérprete de Libras presente em todas as ações, audiodescrição dos materiais, acessibilidade física e sensorial e um conteúdo pensado para diferentes níveis de ensino. A proposta é que as oficinas deixem um legado não apenas artístico, mas também pedagógico.

— Nas oficinas já é perceptível a curiosidade, a interação sobre o aspecto de cada oficineiro, perguntas às vezes inocentes, mas que fazem toda a diferença para a juventude, para que não cresçam mais com aquela dúvida ou experiência — completa o idealizador.

O projeto distribuiu materiais pedagógicos, registrou os momentos em audiovisual e fortaleceu o vínculo entre as escolas e a cena cultural da Terra do Galo. Alunos e professores saíram mexidos:
— Certamente os alunos foram impactados. Muitos fizeram perguntas, mostraram que estão percebendo a importância de serem mais conscientes e acessíveis. E como fazemos vivências, nada como sentir “na própria pele” para entender o significado da palavra: empatia — relata Isabel Varriale Damian, intérprete de Libras do projeto.

O trabalho de Isabel foi mais do que técnico, foi sensível e interpretativo, essencial para que a mensagem chegasse a todos.

— Sobre as músicas, foi mais trabalhoso pois a estrutura da Libras e do Português são diferentes, então são algumas horas estudando as músicas para que saiam com qualidade. Sobre a poesia, existe uma liberdade poética que precisa ser entendida antes de ser interpretada — explica Isabel.

Ela foi a ponte entre a emoção da arte e o direito de todos de compreendê-la.

— Nada que algumas horas não fizessem com que eu pudesse entender as emoções, conexões e ser a pessoa que estou interpretando naqueles momentos — conclui.

Um futuro mais acessível começa agora

O projeto foi financiado pela PNAB – Política Nacional Aldir Blanc. O Circuito de Música e Poesia nas Escolas provou que arte e educação não apenas se encontram, mas se fortalecem. O projeto impactou 300 alunos diretamente e envolveu toda a comunidade escolar, mostrando que é possível integrar inclusão, cultura e aprendizagem.

— Quando fizemos o convite para as escolas participarem deste projeto, fomos muito bem recebidos, e isso nos mostrou que realmente existe uma carência de algumas linguagens, por exemplo, a música nas escolas, e isso é uma realidade no país inteiro. Por isso as leis de incentivo fazem um papel muito importante para que a arte e cultura passem a ser vistas de forma pedagógica e integradora do aluno — defende Felipe.

Para muitos estudantes, este foi o primeiro contato com a música instrumental ao vivo, com uma poesia declamada com fundo musical, com a Libras sendo parte da apresentação. Mas, para todos, foi o início de uma nova forma de olhar a arte, a escola e, principalmente, uns aos outros.

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