Com investimento de R$ 30 milhões, Keko pretende ampliar em mais 3.500m² o parque fabril na Linha 80. (Foto: Luís Henrique Bisol Ramon, Divulgação)
O ano de 2025 já representa um marco para a Keko Acessórios. Depois de seis anos, a empresa da Linha 80 completou seu processo de recuperação judicial e contabiliza um crescimento de 170% no período. O faturamento, que em 2018 se aproximava dos R$ 130 milhões, deve chegar a R$ 360 milhões neste ano.
Para o biênio 2024/2025 também estão previstos investimentos de R$ 30 milhões na ampliação da estrutura fabril, que ganhará mais 3,5 mil metros quadrados de área construída, somando-se aos atuais 25 mil, e na aquisição de novos equipamentos e tecnologias, como laser tubo, laser chapa, prensa, dobradoras e centro de usinagem.
A longo prazo a Keko pretende continuar se reestruturando, investindo em melhorias, processos, produtos, tecnologias e nas pessoas, com o objetivo de ser cada vez mais competitiva no mercado global. Além disso, este crescimento continuará sendo pautado e sustentado pelas práticas de ESG (ambiental, social e governança).
— Para nós, essas práticas sempre foram convicção, desde o início da Keko, mesmo quando a ESG ainda não era um conceito tão difundido como é hoje — destaca o presidente executivo da Keko Acessórios, Leandro Scheer Mantovani.
E esta convicção também foi necessária para a empresa adotar medidas com foco em uma gestão mais horizontalizada, garantindo aproximação do comando e agilidade nas decisões e processos. O que também serviu para dar mais celeridade ao negócio foi a reestruturação e o enxugamento dos projetos e processos internos.
O lançamento de produtos com o objetivo de atender às diferentes necessidades dos consumidores foi outro responsável por alavancar o crescimento da Keko. A linha oferecida passou a contar com acessórios diferenciados e com alto valor agregado, sobretudo no segmento de picapes.
Para estes produtos inovadores saírem do papel também foi preciso muito investimento em automação e tecnologia, além da reorganização mercadológica com a reestruturação de vendas e a retomada mais recente dos investimentos em marketing. Outra medida foi a implantação de um planejamento financeiro e tributário, o que possibilitou transformar 80% da dívida de curto prazo para longo prazo.
— Colocamos em prática diversas ações para auxiliar no processo de recuperação da Keko, entre elas a horizontalização da gestão, o enxugamento de projetos, a reorganização mercadológica, os investimentos em inovação e em produtos com alto valor agregado e também medidas mais austeras como planejamento financeiro e tributário — enfatiza Mantovani.
Nestes mais de seis anos a Keko também conseguiu extrair o melhor de cada situação, um exemplo foi o período de pandemia, nele a empresa aumentou sua presença no meio digital e sua proximidade com os consumidores finais. Esse movimento contribuiu para a retomada da marca própria, que hoje representa 25% da receita no mercado interno e nas exportações.
— Todas essas iniciativas foram determinantes para tornar a empresa mais competitiva e saudável. Nesse período, aprendemos a trabalhar com sustentabilidade financeira e tivemos um amadurecimento de toda a empresa e da equipe. As pessoas aprenderam a trabalhar na escassez e a focar em resultados. Tudo isso foi muito positivo e nos coloca em uma nova jornada de crescimento — comemora o presidente executivo.
Mantovani avalia que o cenário atual não seria possível sem a dedicação dos cerca de 420 profissionais, que se empenharam muito para a empresa chegar no momento em que ela está hoje.
— Apostamos e acreditamos muito no nosso time, que atuou com comprometimento, disciplina e constância dando o seu melhor para consolidar o projeto de recuperação judicial.
O presidente também frisa que a Keko é uma das maiores geradoras de mão de obra no município de Flores da Cunha e que, como todas as empresas no município, no estado e no país, enfrentam o desafio do desenvolvimento e da qualificação de seus funcionários.
— O município de Flores da Cunha tem sido parceiro na articulação de estratégias para vencer esse desafio. Uma das iniciativas foi a recente implantação do InTec – Núcleo de Extensão Educacional, inaugurado no último ano. A Keko, inclusive, apoiou a iniciativa do poder público municipal. Acreditamos que esse é um importante passo para a capacitação dos jovens no nosso município. Essa tem sido a maior importância e participação de Flores da Cunha no nosso processo de recuperação e crescimento daqui para a frente — exalta.
Keko teve dívida de R$ 75 milhões em 2018
A Keko Acessórios precisou recorrer à recuperação judicial quando teve que renegociar dívidas que alcançavam R$ 75,5 milhões, em 2018.
Em 2009, a empresa iniciou o projeto de um grande investimento em uma planta fabril modelo no interior de Flores da Cunha, cujo investimento chegou a R$ 100 milhões ao longo dos

Leandro Scheer Mantovani (Foto: Luís Henrique Bisol Ramon)
seis anos seguintes. Dois anos depois, em 2011 — quando completou 25 anos — a companhia transferiu-se para a Linha 80, ocupando um moderno parque industrial com 25 mil metros quadrados de área construída.
Esse aporte de recursos estava planejado para acompanhar o modelo de crescimento do negócio, no entanto o custo do endividamento teve um salto com o avanço da taxa Selic de 7,5% para 14,5% no período. De 2015 a 2018, a Keko fez diversas tentativas de negociações coletivas, mas não obteve êxito.
A greve dos caminhoneiros, em 2018, agravou ainda mais os problemas. E, para piorar, o cancelamento de um projeto com uma montadora resultou em uma redução de receita de R$ 20 milhões. Fato este que, segundo Mantovani, culminou na decisão estratégica de entrar com a medida jurídica de recuperação judicial.
— Nossa preocupação foi conversar primeiro com todos os 420 funcionários que estavam conosco na época, para reforçar nosso compromisso com o cumprimento das obrigações, o pagamento de salários e a preservação dos empregos. Também visitamos e conversamos pessoalmente com clientes e fornecedores estratégicos. Isso foi primordial para restabelecer os acordos e, apesar de termos entrado em recuperação judicial, não perdemos a credibilidade e a confiança do mercado — declara Mantovani.