O agricultor Dorival Scortegagna conversa com o presidente do STR de Flores e Nova Pádua, Ricardo Pagno. (Foto: Karine Bergozza)
A estimativa é que 4 mil safristas vieram ajudar na colheita da uva em Flores da Cunha. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua, Ricardo Pagno, explica que os agricultores locais se dividem entre a contratação direta de funcionários, como é o caso de Scortegagna, ou por meio de empresas terceirizadas. No entanto, Pagno frisa como um diferencial a confiança que acaba surgindo entre empregado e empregador.
— Lá em casa, por exemplo, acho que faz uns 10 anos que eles vêm (para ajudar na safra). São três ou quatro (trabalhadores) que vem e, se um não pode, ele arruma um amigo e por aí vai. Então tem uma relação de confiança e muitos agricultores mantém isso — aponta Pagno, que possui 4 hectares de uva das variedades Isabel precoce, Niágara rosada, Itália e Benitaka na Capela Nossa Senhora do Carmo.
Sobre a mão de obra para a vindima, Pagno lembra que muitas pessoas da região tiram férias de seus respectivos empregos nessa época para aproveitarem a colheita da uva para obter um dinheiro extra.
— Além disso, tem bastante argentinos que vem para cá, o pessoal que vem lá da (região da) Fronteira e pessoas que vem do Centro do país. Também é possível encontrar nordestinos e paulistas. Estimamos que de 3 a 4 mil pessoas estão em Flores, nesta época, como safristas — afirma.
O presidente do STR também explica que a quantia paga aos funcionários costuma oscilar bastante, pois leva em consideração alguns combinados, como a necessidade ou não de hospedagem, alimentação e passagem.
— Existe a forma de pagamento de pessoas que combinam por dia, que varia de R$ 130 até R$ 250. Quando o pagamento for por rendimento, o que ouvimos falar esse ano é que está se pagando de R$ 0,22 a R$ 0,35 ao quilo de uva colhida. Por caixa, fica entre R$ 2,80 até R$ 4, dependendo do combinado — relata.
Em relação a forma de contratação dos funcionários, Pagno, ressalta que em todas estas situações é preciso ter carteira de trabalho assinada. Neste sentido, o STR oferece orientações aos agricultores sobre os procedimentos necessários.
— Não existe outra forma de estar legalizado sem estar com o registro. Esse entendimento de pagar por caixa, por tonelada ou por rendimento é um acordo que acontece entre agricultores e funcionários, mas o que vale é o registro de carteira assinada.