Neste ano o colorido da tradicional procissão de Corpus Christi sobre os tapetes de serragem, no entorno da Praça da Bandeira, foi substituído pelo tempo cinzento, que impediu a confecção das obras de arte comunitárias em Flores da Cunha. A produção está prevista para a manhã deste sábado (21), se as chuvas acalmarem.

800 fiéis lotaram a Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes (Foto: Karine Bergozza)
Mesmo com o mau tempo, a fé não impediu que cerca de 800 fiéis lotassem a Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes na manhã desta quinta-feira (19) para acompanhar a tradicional missa de Corpus Christi, que foi celebrada pelos freis Vandrigo Zacchi e Jadir Segala.
Durante a cerimônia religiosa, frei Vandrigo Zacchi destacou o fato de, neste ano, em decorrência das chuvas, os tapetes não terem sido confeccionados e enalteceu que “Jesus passará em nossos corações”:
– Quando hoje, de um modo diferente, celebramos o Corpus Christi, nós não podemos olhar a beleza dos tapetes. Jesus, hoje, não passa nos tapetes de serragem porque a água não permitiu confeccioná-los. Nós apenas trazemos na memória os tapetes do ano passado e do ano anterior, mas também trazemos na memória os tapetes da carne e osso, onde Cristo passa diariamente, onde Cristo faz a sua morada – frisou o frei.
Na missa foi realizada a renovação do Ministério da Eucaristia, permitindo que os Ministros levem o Corpo e o Sangue de Cristo para suas comunidades por mais um ano. A procissão do Santíssimo sobre os tapetes, na área externa, deu lugar ao trajeto do corredor da Igreja Matriz.
Opinião dos devotos
A professora aposentada Alda Sartoretto Pavin, 80 anos, mostrou-se compreensiva com o fato de os tapetes não terem sido confeccionados neste ano.
– Eu acho que o clima não colaborou e nada se pode fazer. Quem sabe a gente faz outras orações no lugar disso e tem a mesma validade. Ou talvez mais. Que um pouco (os tapetes) é para promover o turismo, essas coisas, e às vezes, pode ser que Jesus queira outra coisa – opinou.
Alda mora em Flores da Cunha há cinco anos e ressaltou que os tapetes são muito bonitos e despertam a devoção durante a procissão com o Santíssimo.
– Eu acho que nesse ano eles (tapetes) foram bastante prejudicados, mas o povo tem boa vontade e quer tentar fazer – conclui, na expectativa de que seja possível confeccioná-los.
A aposentada Iracema Bassaseni, 70 anos, costuma participar sempre das celebrações de Corpus Christi e disse não recordar de um ano em que a confecção dos tapetes tenha sido prejudicada de tal forma.
– Teve anos que foi feito e a chuva estragou um pouquinho, desbotou, mas de não conseguir fazer é a primeira vez. Eu não lembro de outros anos que tinha acontecido isso – revela, acrescentando:
– No tempo que eu ia para aula nós fazíamos os tapetes e lembro que tirávamos os pedacinhos de cipreste para fazer uma tirinha que a gente botava ao redor deles. Então faz muitos anos. Depois teve uma época que não fizeram mais (os tapetes) mas logo voltaram a fazer de novo – conta, acrescentando que está na torcida para que os tapetes saiam no sábado.
Com 54 anos de casados, Arcízio Mazzarotto e Rosalina Biondo Mazzarotto, ambos com 79 anos, não abrem mão da tradição de participar das celebrações de Corpus Christi e contam que costumam ir à missa todos os finais de semana na Igreja Matriz ou na comunidade onde moram, em São Gotardo.
– É uma pena não poder fazer os tapetes, mas o tempo não colaborou. Tem que torcer para que sábado firme o tempo e dê para fazer – lamentam os florenses, que lembram de situações semelhantes no município.
– Lembramos de vezes que não foi feito, mas foram poucas e faz tempo. Aconteceu também de começar a confecção de madrugada e seguir fazendo, mas aí é meio puxado para quem faz.
O jovem Felipe Bassanesi, 22 anos, também aproveitou o dia de Corpus Christi para colocar em dia as orações. Ele se mostrou paciencioso sobre a impossibilidade de confecção dos tapetes de serragem.
– A gente não gosta muito (da ausência dos tapetes) mas entende que o que o tempo não está colaborando. Não adianta, a gente teve a as enchentes há algum tempo atrás e isso afetou todo o Rio Grande do Sul, daí agora a gente tem o tempo ali que também não está colaborando de novo. Então tem que ter paciência – frisou.



