O estúdio de Mara, 58 anos, e Luizinho Bebber, 59, no centro de Flores da Cunha, é onde, por 24 anos, eles têm vivido uma rotina feita de luz, sombra, véus e declarações eternizadas em fotografia. Uma história que começou bem antes do primeiro clique à dois. Casados há 35 anos, o amor deles gerou o filho Júlio César Bebber, 31, e a parceria incontáveis registros de casais e famílias florenses.
A áurea de um relacionamento duradouro instiga a criatividade e faz com que muitos se perguntem quais são os ingredientes que constroem um casamento longínquo. Para Mara, o segredo de uma relação que sobrevive ao tempo é simples e pode ser explicado na gramática. Segundo ela, o amor vem acompanhado de diversas palavras, que, por coincidência, iniciam com a letra “P”.
— Amor não devia ser escrito com “A”, devia ser escrito com “P”. Perdão é fundamental. Nós já fomos da época de brigar quando éramos namorados, mas com o amadurecimento vemos que isso não vale a pena. A maturidade também nos trouxe a paciência. E outra coisa é a paixão. É isso: paciência, perdão e paixão. É a fórmula certa para durar, porque quando não tem paixão você fica indiferente para o outro e aí acabou. Se não tem paciência vai viver brigando e se não sabe perdoar vai viver em “pé de guerra” — considera.
Lado a lado
Foi em 1984, na escola São Rafael, que a vida de ambos se cruzou. O namoro durou cinco anos até o casamento, em 2 de setembro de 1989. Depois, as transformações naturais: o trabalho, o nascimento do único filho e, recentemente, após o casamento dele com Rafaela Finger, 31, o retorno a uma vida à dois, como no início.
Se trabalhar com o cônjuge parece desafiador, para eles virou rotina e combustível para o relacionamento.
— (Nos trouxe) mais parceria. Somos parceiros 24 horas. Sou a explosiva e ele é a calmaria. Então (ganhamos mais) paciência — afirma Mara.
— Eu acho difícil duas pessoas trabalharem juntas e se darem bem assim (como a gente) — completa Luizinho.
Durante a semana, eles dividem a bancada. Nos dias livres, a família, as viagens e o companheirismo. Mesmo com a convivência intensa, a leveza e o humor permanecem.
— Todo mundo fala para nós: eu admiro vocês, porque vocês trabalham juntos e deu certo — conta a fotógrafa.
Para ela, é impossível dissociar essa parceria de vida.
— Trabalhamos lado a lado na nossa bancada. Hoje não tem como pensar no Chico sem a Mara e nem na Mara sem o Chico. Não conseguimos pensar diferente — diz ela, usando o apelido carinhoso da família para Luizinho.

(Foto: Paola Castro)
“Amor pra cá, amor pra lá”
Domingo à noite é sagrado para o casal. Quando não há casamento ou outro evento, eles se presenteiam com pizza e espumante, em casa.
— O nosso domingo de noite é o nosso fim de semana. É um momento para nós. Nos reinventamos e estipulamos isso — contextualiza a esposa.
E a paixão? Continua. Não do tipo gritado, mas daqueles que caminham de mãos dadas depois do expediente.
— Também precisamos fortalecer a nossa vida, não é só trabalhar. Depois de um certo tempo não é amor pra cá, amor pra lá, é a paixão mesmo. Sabemos que temos um sentimento e nos respeitamos. Viemos do trabalho para casa de mãos dadas. É antiquado? Pode ser, mas nos sentimos bem assim. Se estamos em algum lugar e temos vontade de dar um abraço, a gente dá — salienta.
Assim, são 41 anos de bagagem e nenhuma vontade de chegar ao fim.
— Nos imaginamos em primeiro lugar juntos. Vida longa pra permanecer juntos, podendo usufruir cada vez mais. Pretendemos ficar juntos até que Deus queira, até que Deus nos deixe. Já estamos em outro patamar. A maturidade nos mostrou que é diferente o relacionamento. Nós viemos para a casa à noite e temos um clima bom, uma conversa. A vida fica bem mais legal assim — conclui Mara.
Visão que, claro, é compartilhada por Luizinho.
— A boa do nosso relacionamento é o humor. Nos respeitamos e vivemos uma vida boa. Não temos aquele ciúme doideira. Nós nunca nos cobramos nada.
Sentimento que dura
Mais do que registrar histórias, o casal é parte delas. Criam laços, recebem mensagens de carinho e, às vezes, viram espelho para quem está começando a vida à dois.
— Gosto de fotografar bodas. Às vezes, eles (casal) não conseguem caminhar, mas estão firmes, com as mãos dadas. Nos emocionamos porque são 50 anos ou mais. Com as mãos trêmulas, às vezes não conseguem colocar as alianças e os filhos ajudam. Mas estão firmes, com fé, olhando um para o outro. Vemos que o amor durou por anos — explica a animada Mara.